CARTAS DE BRASÍLIA


Diz o escritor inglês Bernard Shaw que "as idéias são como pulgas, saltam de uns para outros mas não picam todos"

Pois uma grande ideia picou as autoras do blog Cartas de Brasília. Para comemorar o aniversário de 50 anos de fundação da cidade, duas comunicadoras criaram o blog (link aí ao lado, na lista de Cheers) onde publicam cartas trocadas por pessoas que estavam em Brasília na ocasião.


É um trabalho que vai além da história, porque retrata a história sob o ponto de vista de quem a viveu, de verdade, com seus sentimentos, suas relações, suas vidas.

Vale a pena ser visitado, sempre.

Abaixo, uma pequena parte do que tem lá.



Conversando com o empresário Ildeu de Oliveira

O dono das cartas

O ano era o de 1957. Um avião monomotor tentava descer em Brasília e não conseguia localizar a pista de pouso. Não havia GPS. O rádio entrou em contato com alguém que informava a localização entre Planaltina e Formosa. Não era. Finalmente um sargento da Aeronáutica “entrou” pelo rádio e disse para voar entre Cristalina e Planaltina até enxergar um galpão com teto de zinco, a pista era ao lado. Foi o que fizeram.

O empreendedor Ildeu de Oliveira, primo em segundo grau de JK, sócio da construtora ENAU Engenharia Ltda, desceu e logo encontrou com Israel Pinheiro, para quem perguntou se ainda havia serviço disponível. Havia, era fevereiro. Em outubro, Ildeu entregaria a primeira escola de Brasília, Júlia Kubitschek.

“-Todo mundo chegava com muita esperança, animado, porque havia trabalho. Trabalhávamos 24 horas, à noite um gerador iluminava as ferramentas e ninguém parava”, recorda Ildeu visivelmente saudoso na tarde do último dia 11, com o Sol a castigar o Cerrado e anunciando a primavera. A cadela da raça Golden Retriever, dengosa, deitada no chão da varanda da ampla casa no Parque Way, também acompanhava a narrativa do dono.

Além de muitas lembranças na memória, Ildeu tem uma pastinha com fotos, recortes de jornais e várias cartas manuscritas e datilografadas. A maioria traz a assinatura do presidente Juscelino Kubitschek e de dona Sarah. Uma relíquia. Era o tempo em que as pessoas escreviam longas correspondências, uma linguagem delicada e, ao mesmo tempo, rebuscada, gramática impecável. Papel de seda, envelope com as cores da bandeira e selo dos Correios. Dá saudades.

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