BLUES, UMA HISTÓRIA DIFERENTE - PARTE III


Voltando ao Delta do Mississipi: por volta de 1910.

Do cruzamento da Highway 61 com a 49, e da plataforma do Clarksdale Station o blues deixa o Delta para chegar a Memphis.  A Mamie Smith grava o primeiro Blues com vocal e letra “Crazy Blues” e logo mais vocalistas abraçam o Blues, foi o caso da Bessie Smith na década de 20 e Billy Hollyday na década de 30. No final da década de 20, o prefeito de Memphis fechou o Bearl Street, onde ficavam a maioria dos bares, estúdios e gravadoras de Blues. O objetivo era acabar com as drogas e a prostituição local. Assim muitos músicos migraram para Chicago e Detriot.

Dizem que se um aspirante à guitarra blues ficar no entroncamento de uma estrada de terra em Clarksdale, abandonada, à meia noite na Lua Nova, é capaz de o Capeta vir para afinar a guitarra dele. Assim falam do Robert Johnson: esse ficou noites e noites esperando o “Afinador Mor”! Em troca da alma, ganhou dinheiro, fama, mulheres e fortuna. (Veja aqui mesmo no blog um "desafio" com o Capiroto: E Nós Pensamos)

Nos anos 40 e 50 Willie Dixon, Muddy Waters, John Lee Hooker, Howling Wolf e outros fizeram o Chicago Blues, um blues do Delta com instrumentação elétrica, piano, bateria e baixo. Em Memphis ficaram o Bukka White e o B.B. King, Sun House e outros. O BB King criou o conceito do Lead Guitar e montou banda em torno da guitarra dele: a renomada Lucille. Big Mama Thornton, Wyonnie Harris faziam parte do grupo de Memphis e escreveram muitas canções blues, inclusive para um jovem menino que mais tarde faria sucesso: Elvis!



Walter Furry Lewis foi o primeiro a imortalizar a técnica do “Slide Guitar”. Com o gargalo de uma garrafa quebrada. Estilo adotado por Elmore James e popularizado por ele na década de 50 e 60. Outro que se destacou pela técnica apurada foi o Tampa Red Woodbridge; vinda da Florida para Chicago em 1925 emplaca o maior hit dele em 1940;  (It Hurts Me Too). Regravado por tantos, mas a versão do Eric Clapton é de ouvir de joelhos 

(Para ouvir com Eric Clapton, clique aqui.)

Na decada de 60 com o surgimento em massa das bandas inglesas, o Blues tem o seu “revival” em praticamente todos os centros urbanos no planeta. Alem dos nomes mencionados em relação aos “brancos” da Inglaterra, destaco o Roy Buchannan, Steve Ray Vaughn, Alvin Lee do Ten Years After e Walter Trout alem dos herdeiros legítimos do Blues, Buddy Guy, Robert Cray, Albert Collins e o falecido Little Jimmy King. O Roy Buchannan era encrenca pura fora do palco, um gênio da guitarra. Se meteu numa briga de um bar no sul de Alabama, foi preso e o acharam enforcado no lençol na manhã seguinte.

Agora impossível falar de Blues sem falar do Albert King (conhecido como o Trator de Veludo – devido ao tamanho: 2m de altura e pesando 125kg). Nascido em Mississippi em 25, criado em fazenda colhendo algodão,  Albert cantava em coro na igreja aos domingos. Formou banda com Jimmy Reed antes de completar 18 anos, porém havia um problema; ele era canhoto. Tocava guitarra “de cabeça para baixo” e a afinação não era igual ao dos dextros. Na década de 60 o Albert começou a emplacar hits tocando com o Little Milton e Booker T and the MGs entre outros. A guitarra dele ele chamava carinhosamente de Lucy.

No final da década de 60 emplaca “As Years Go Passing By” e “Born Under A Bad Sign” ganha mais notoriedade ainda quando deu aulas para um menino negro de Seattle que estava começando; o Jimmy Hendrix. Sem duvida o estilo do Albert King “O entortador de notas” ficou imortalizado em praticamente todos os guitarristas da atualidade.  King faleceu em 92. (CONTINUA....)



Escrito por Lunarscape. Veja: PARTE I e PARTE II

Comentários

  1. Jorge @atakardiac18/12/10, 13:52

    Estou aprendendo muito. Ouço bastante blues mas sem conhecimento histórico. Ñ sabia que Hendrix tinha estado com Albert King, fantásticas essas ligações.

    Ontem subindo a serra escutei tres veses seguidas um Hey Joe by Alvin Lee que há muito não ouvia.

    Me dei conta que entre os poucos que podem se comparar a JH, Alvin Lee é um dessa galeria. Muito técnico e ágil. Na minha modesta opinião.

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  2. Legal Jorge, e é verdade tem umas ligações interessantes especialmente com os "grandes" do Blues. Tenho aqui em casa um CD com o Little Richards e Hendrix JUNTOS. Vi tambem uma materia onde o Hendrix ia entrar para o Emerson Lake & Palmer. Isso uma semana antes de morrer.
    O genial Alvin Lee é um caso aparte porque é 100% auto didata, e pior, aprendeu tudo de ouvido. Ele mesmo diz, não conhece praticamente NADA de teoria. Na mesma entrevista, rindo, confessa que tinha dificuldades em repetir os solos feitos na semana anterior.
    Agora ouvir "Slow Blues In C", "Help" "Im Coming Home" com o Lee, tanto no Ten Years After, ou na carreira solo (ao vivo em Vienna) é sentir a garra do guitarrista á pleno vapor.
    Agora uma coisa é certa, estou muito feliz em poder dividir o meu conhecimento aqui com voces.

    Lunarscape

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