CAI A NOITE


Por tudo o que me deste
inquietação cuidado
um pouco de ternura
é certo mas tão pouca
Noites de insónia
Pelas ruas como louca
Obrigada, obrigada

Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão

Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste
Mais forte e mais serena
E livre e descuidada
Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste

Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão
(Florbela Espanca)

[Qual é seu recado para o ano que vai chegar? Conte-nos aqui!]

Comentários

  1. Você se lembra, querida Velvet, de uma antiga música do Fagner que era um poema da Florbela? Segue toda essa angústia dela na pérola abaixo.

    Fanatismo

    Florbela Espanca

    Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
    Meus olhos andam cegos de te ver!
    Não és sequer razão de meu viver,
    Pois que tu és já toda a minha vida!

    Não vejo nada assim enlouquecida...
    Passo no mundo, meu Amor, a ler
    No misterioso livro do teu ser
    A mesma história tantas vezes lida!

    Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
    Quando me dizem isto, toda a graça
    Duma boca divina fala em mim!

    E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
    "Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
    Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

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