FIM DE TARDE


"Quero tudo novo de novo. 

Quero não sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais.
Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. 
Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. 
Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais. Sair mais. 
Quero um trabalho novo. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. 
Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Quero dançar mais. 
Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. 
Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. 
Andar mais de bicicleta. Ir mais vezes ao parque. 
Quero ser feliz, quero sossego, quero outra tatuagem. Quero me olhar mais. 
Cortar mais os cabelos. Tomar mais sol e mais banho de chuva. 
Preciso me concentrar mais, delirar mais.
Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. 
Quero conhecer mais pessoas. 
Quero olhar para frente e só o necessário para trás. 
Quero olhar nos olhos do que fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa. 
Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. 
Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. 
Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. 
Quero menos 'mas'. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais.
'E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha' ". 
(Fernando Pessoa)

(O que eu quero é sentir, ao contar o tempo, a areia nas minhas mãos. Mesmo que sejam cinco minutos de tempo... E você, já começou sua lista de desejos? Conte-nos aqui.)

Comentários

  1. Construir edifícios de areia durante 5 minutos! Uma obra magnífica!

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  2. Há quem defenda que edifícios de areia não duram. Mas para quem quer, mesmo, muito... que importância tem?

    Por magnífica, uma coisa é certa: marca, sim, para sempre.

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  3. Na minha infância, eu sentava à beira da água da praia com meu pai e fazíamos juntos castelos de areia, que não duravam mais que alguns momentos, contudo foram momentos juntos. Eu e meu pai construindo castelos contra o mar!

    Hoje, meu pai não está mais aqui, mas os castelos de areia, de alguma maneira inexplicável, ficaram ali na praia. E quando retorno àquela areia do tempo - ampulheta que não se segura - os castelos resistiram bravamente ao mais terrível dos inimigos: o esquecimento.

    Fernando Pessoa sempre será um herói que nos lidera em nossa luta quixotesca, Velvet.

    Parabéns, amiga.

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  4. É isso: nossa vontade, se grande, torna segura a areia do tempo nas nossas mãos.

    E durante esse tempo (os tais cinco minutos) creio, sim, nessas coisas incríveis, na "obra magnífica" que ficará eternizada, no corpo, na mente, na alma.

    Quem vai dizer que não vale?

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  5. "Tudo vale a pena se a alma não é pequena..." (Fernando Pessoa)

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