ROCK N' ROLL, UMA HISTÓRIA - EPISÓDIO IV

"O rock nasceu quando cantores brancos e bandas brancas começaram a fazer covers de músicas negras. Isso pode soar racista, mas isso eu não sou" - Ray Charles


A Doença Social 

Devagarinho essa casta de novos músicos brancos quebraram dois tabus da indústria: primeiro, a guitarra substituiu o piano e segundo, cantavam as próprias canções. Desde o surgimento da indústria pop, havia uma legião de escritores de músicas que, de regra, faziam arranjos no piano e os transpunham para orquestra. Os negros faziam as suas composições na guitarra e por desconhecerem os outros instrumentos e muito menos orquestras, passavam as harmonias para a bateria e o baixo de forma rudimentar. Assim o rock n’ roll passou a ser eminentemente rítmica e não harmônica. 

A guitarra passou a se integrar ao caráter do cantor de rock. Enquanto cantores pop se preocupavam com apenas o microfone, o roqueiro branco “tinha” que ter uma guitarra pendurada no pescoço, mesmo que o coitado não soubesse tocar o instrumento (o caso de vários!). O teor das canções mudou também, e enquanto os negros cantavam sobre a vida nas plantações, nas cadeias ou nos ghettos, o branco cantava sobre o amor, os sentimentos pessoais. 

Com o rock n’ roll as portas se abriam para letras mais ousadas e seduziam “as massas”. As letras eram direcionadas para uma nova liberdade que surgia com o aumento do consumo, o aumento da integração social (escolas maiores, mais shoppings, diners e locais para os jovens “curtir”), e claro, o aumento da quantidade de Juke-Box espalhados pelo pais. Dizem que a revolução sexual começou antes do rock n’ roll, mas com certeza o rock foi a grande trilha sonora dessa revolução. O rock é portanto a pedra fundamental da civilização norte americana nos anos 50.


O gênero era revolucionário em vários aspectos, se originando em pequenas distribuidoras ao invés de grandes gravadoras. Ridicularizava as estrelas da época e o estilo de vida da sociedade. Mais importante, diminuiu o gap entre brancos e negros, mas pelo outro lado aumentava o gap entre as gerações.  Através do rock, jovens buscavam uma identidade e os “Puritanos” tinham razão: o rock incitava os jovens à delinqüência e as jovens à prostitiuição através do requebrado típicos dos strippers, a sensualidade dos pervertidos e a “selvageria” dos negros. 

A música se tornou o estágio terminal de um processo inflexível. Da alienação social para a revolução musical e terminando na Revolução Social. Se tornou mais que o entrenimento e se tornou mais que uma linguagem, a música se tornou um instrumento revolucionário para a juventude dos EUA. 

Na Inglaterra, não demorou muito para os jovens “embarcarem” na nova onda. Musicos como o Cliff Richards, Tommy Steele e Johnny Kid lançavam os primeiros rocks, por volta de 55-56  e faturavam com o sucesso. 


Nos EUA, o rock toma proporções preocupantes e consegue 3 inimigos mortais. A “Força Política” que vinha do McCartismo e a caça às bruxas uns 10 anos antes, se voltava agora contra o rock. Qualquer movimento social segregador político era considerado coisa de comunista! A segunda Força era a Força Religiosa. O rock com claras referencias ao sexo, não era exatamente o que os religiosos desejavam para os seus filhos. A terceira Força era o componente Racial. Rock era dos negros, com alguns brancos aderindo. Sendo os EUA um pais ainda segregado, alas conservadoras não viam a aproximação social com bons olhos. 

Essas três forças, na Inglaterra, eram bem menores e os jovens brancos conviviam pacificamente com os talentos negros. 

(Continua...)

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