RATOS E URUBUS, LARGUEM MEU CARNAVAL



Só mesmo parafraseando Joãozinho Trinta para expressar toda minha indignação para o “festival de besteira” que ouvi neste carnaval. Há anos que se critica o carnaval carioca, que teria acabado e virado só “show de turista” na Sapucaí. Pois bem, este ano, o carnaval de rua carioca bombou. Foram 424 blocos nas ruas das zonas sul, norte, oeste e centro da cidade. Daí se reclamou de que a folia atrapalhou o trânsito e o descanso das pessoas...

Também houve recorde de turistas nacionais e estrangeiros na cidade. E mesmo assim com milhões de pessoas brincando, não houve um ato de grande violência. Aliás, os blocos da PM e da Guarda Municipal foram em peso para as ruas. Mas como sempre há o bloco “dos malas”. Juro que eu ouvi gente reclamando dos bailes (sim, eles também estão renascendo) e até da iluminação festiva do Cristo... Se um destes estiver me lendo, aviso que devido à Quaresma, em alguns dias, o monumento ficará roxo...

Mas o pau quebrou mesmo na questão da falta de banheiros químicos na cidade. Mas, vem cá, alguém pode me informar o número de banheiros químicos em São Paulo, Olinda, Salvador e Recife, ou se os jornais e tele-jornais elegeram isto o tema principal? Ok, ok, um erro não compensa o outro, mas só o fato do Rio discutir e exigir mais banheiros demonstra que setores do Rio estão mais uma vez a frente das outras cidades.

Em todos os grandes blocos havia banheiros públicos. E mesmo assim, houve quem mijasse até na lateral deles. E não se pode esquecer daqueles que se aliviavam nas areias da praia, em muros e nos carros. Um dos momentos mais engraçados do carnaval foi quando um repórter da TV Globo acabou sua matéria sobre o assunto, abaixando o vidro do carro, assustando um “cidadão” que se aliviava encostado nele...

Agora vamos combinar que a “culpa” não é do carnaval. O carioca, em sua maioria, é um mijão de natureza. Não precisa ter carnaval para que algumas ruas da cidade cheirem a urina. O Maracanã tem dezenas de banheiros, mas basta passear interna e externamente por ele depois de um jogo para entender do que estou falando.

A questão do banheiro químico como tantas outras demonstra a necessidade imperiosa de se educar a população. Afinal, no carnaval, a noção brasileira de que a rua é terra de ninguém toma proporção gigantesca. Enquanto o brasileiro não aprender que cidadania é também cuidar de sua cidade, pode se colocar um banheiro para cada um, que mesmo assim muitos irão para o murinho. Até por que, mamães e papais continuam ensinar os filhinhos a fazerem isto...

PS: Aproveito para desejar que o ano, que começa agora no dia 14, seja ótimo para todos!


Mirtes Guimarães, a jornalista carioca que nasceu nas Minhas Geraes...

Comentários

  1. Ja falei que não precisa de banheiro químico. Deviam colocar postes qímicos. Porque em matéria de urinar na rua, os homens do RJ deviam aprender com os cachorros, que são muito mais educados!

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  2. Belo texto, como sempre Mirtes.
    Acredito que esse verão entrará para a história dos anais cariocas como o "Verão do Mijão". Inútil a campanha, mesmo porque tem banheiro de bar que não merece nem visita de barata. Se a prefeitura colocou banheiros quimicos suficientes ou não é irrelevante.

    Comentar sobre o carioca "mijão" é fácil, quero ver comentar sobre o Soteropolitano (Bahiano de Salvador)! Ai sim é fazer justiça.
    E olhe, banheiros quimicos tinha em profusão na parada gay de SP ? acho que não né...afinal eram 2 milhões de "foliões".

    Lunarscape/RJ

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  3. Nem me atrevo a falar de fedor na cidade, quando todo o país exala cheiro de podre. Arre égua!

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  4. Mirtes, seu texto magnífico, dentre tantos aspectos do carnaval carioca, afirma a educação, a cordialidade, a não violência do folião em geral. E este mesmo folião é aquele que urina nas ruas... Não é resposta, muito menos oposição, mas a de quem vive esse carnaval de rua.

    Dezenas (quando não centenas) de milhares de pessoas bebendo cerveja, ou água, seguindo um bloco carnavalesco (antes, concentração). Bares da região com banheiros fechados para os foliões (reservados aos clientes, ou cobrando 5 reais a urinada, como o Belmonte); banheiros químicos da prefeitura em número insuficiente e imundos e/ou quebrados (já chegam assim). Qual a alternativa que se sugere aos mijões? Quem souber, avise. Mais que isso, divulgue para ajudar a todos. Quem acompanha esses blocos nota a impossibilidade de ser o que se é fora deste festejo: civilizado. Quem acompanha os blocos sabe da impossibilidade objetiva de comportar-se doutra forma. Quem acompanha os blocos nota a tola vontade da máxima discreção do mijão! Ele sai por aí com o eliminador da urina na mão, exibindo-o, balançando-o prá lá e prá cá. Ao contrário, procura um local onde escondê-lo dos outros, principalmente das mulheres e crianças. É claro que é uma preocupação de todos, e todos devemos encontrar uma solução. Mas as necessidades iminentes da fisiologia e a impossibilidade de realizar a eliminação adequadamente, como se faria em casa, no trabalho, enfim, onde se encontraria ambiente adequado, não aceita outra alternativa! Não tem como segurar! Recolheram às delegacias, creio que uns 700 mijões. Muito bem, é um ato inibidor do poder público. Mas esse contingente é o de um bloco de sujos (sem trocadilho, por favor). Qual a saída? Eu arrisco: disponha a prefeitura (ela quem autoriza os desfiles), em parceria com o empresariado, ao longo dos trajetos banheiros químicos modernos, limpos, amplos, não individuais para urina, suficientes para a previsão de foliões naquele circuito. Caso contrário, vai continuar como é: muitos mijam, poucos são detidos, e a higiene coletiva continuará prejudicada. Não adianta culpar o mijão: ele não tem onde se "aliviar"! Culpe-se o poder público municipal, os empresários que lotam seus estabelecimentos nesse período e sonegam ao público o banheiro. Lembre-se da frase do personagem de Antônio Pedro em Bar Esperança: "quando um brasileiro mija, todo mundo mija"! Havendo local adequado, lá estarão.

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