CAI A NOITE



Há tantos anos já faminta –
Enfim, minha hora de jantar!
Trêmula me acerquei da mesa
E o vinho raro fui provar.
Era tal qual mesas que eu via
Quando, voltando ao lar, com fome,
Pelas vidraças contemplava
Banquetes que pobre não come.
Não conhecia o farto pão –
Migalha outra era a da mesa
Que, para mim e para os pássaros,
Oferecia a natureza.
Tanta fartura me feriu,
Senti-me mal, desajeitada
Como uma baga da montanha
Para a estrada transplantada.
Fora-se a fome: ela era um jeito
De gente do lado de fora,
Espreitando pela janela.
Entra-se – e o apetite vai embora."
(Emily Dickinson)

Comentários

  1. Querida Regina.

    Não faz ideia do quanto adoro Emily Dicknson, e encontra-la aqui no Veneno Veludo torna tudo bem melhor.

    Boa Noite

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