CAI A NOITE



Da minha história as aflições
Suas cicatrizes - pretensões
de eternidade, dentro e fora
Não sou tão óbvia ou tão secreta
Não sou tão clara ou tão mistério
Que não traspareçam para ti as marcas
Escaras - tentações.

Tu não crês - não esperas
que das marcas não encontradas
lá estejam as tuas registradas
na minha história - tais aflições.
Não sou tão simples ou nem tão ímpar
Não sou tão comum ou não tão sublime
Que não se escondam de ti - as marcas
que gravas em mim - as tuas intenções.

Tu, que não as procura
Não as compra, não tenciona, não as flexiona
Sabes bem onde as encontra.
Conhece-as bem 
Tu delas sabe - das minhas. e das que me confere.
Estás a me testar, para teu puro deleite
Suspenso, descrito, proscrito
As marcas, dos pés, de tua passagem
na minha história - as emoções.

Não sou tão minha ou tão de ninguém
Não sou tão forte ou tanto, tão facilmente - tua
Que não anseie que em mim residam marcas - urgentes
De ti.

Da minha história, as mágoas
Que virão de tuas marcas
Não se esconderão - sob as escaras
De ter me desarmado por ti
De ter chorado por ti
De ter suprimido por ti
De ter realizado por ti
De ter amado por ti
as muitas, todas - as marcas
De nós dois.

Comentários

  1. As marcas deixadas no corpo, na matéria, podem ser apagadas de alguma maneira...
    As impressões gravadas na alma, são marcas que atravessam o tempo, ultrapassam as existências e se alojam na eternidade.
    Lindo poema, sentido além do sentimento, daqueles que dói o peito só de ler... adorei!
    Bjos

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  2. Esse é um poema que não esconde, e para quem não precisa esconder as suas marcas. Para quem as pode assumir, sentir, viver. E não se envergonha em mostrá-las. São marcas doridas, mas carregadas de orgulho.

    Beijo, Sonia!

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