CAI A NOITE



Oh, quem me dera embalado 
Nesse berço vaporoso, 
Nuvens do céu azulado... 
Onde os meus olhos repouso 
Já de tanto olhar cansado! 

De tanto olhar à procura 
De um bem que o fosse deveras; 
De uma paz, de uma ventura 
Dessas venturas sinceras, 
Se as pode haver sem mistura. 

Mas há, sem dúvida: creio 
Neste desejo entranhável! 
Há-de haver um rosto, um seio 
De amor e gozo inefável 
Donde mesmo este amor veio! 

Este amor que a vós me prende, 
Nuvens do céu azulado! 
E a vós, lâmpadas que acende 
Depois do Sol apagado 
Quem... de Quem tudo depende! 

João de Deus

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