CAI A NOITE


Que não há de prender-se a lentidão desta quietude
Há sombras onde há luz, derramadas pelo chão
Tons de serenidade afável, quente, eterna aurora
Não se prende a benfazeja hora da tranquilidade
Vaga, voa, flana, plaina livre tal sonhos da juventude
Este tempo discreto aprendeu a calmaria com teu chegar
Numa tarde de encanto, árvore nua, alento puro
A adoçar o meu inquieto coração.

Na profundidade do presente depois de tantas lutas
Pelo vasto mundo das minhas incertezas
Tua fronte não enxuta da labuta me encontra
Imensa matéria bruta desmentida pelo olhar apaziguado
Eu que vivo aos encontros com a dor e confusão
Recebo abrigo, peço a tua mão, onde me repousas
Sozinha, pequenina, espantada com meus fantasmas
Que já me assombraram sem merecimento por tempo demais.


Livre, voa solto teu espírito imenso, impassível
Penetrando no templo das minhas emoções
Generosa a tua paz se multiplica em mil pazes e sorrisos
Lentos e quietos sem sofreguidão - não é o momento
Trazes a mim teu breve beijo condensado de afagos
E sob tuas venturosas mãos derramadas em ternuras
Um navio vadio trata de carregar para muito longe
As minhas angústias diluídas no embalar da tua respiração.

(Nota: Reli há pouco o poema por conta de comentários, e me peguei a pensar no "parto" desses versos. Foram compostos em menos de 5 minutos, sem revisão, e por causa de um "estou bem, tranquilo" que ouvi por aí... Pois como uma memória puxa outra, lembrei-me dessa música. Já cantei-a tanto com meu pai, que gostava de tocá-la no seu violão. Clica aí, mas quem não conhece, aviso: pode ser que ache cafona. Mas eu digo que é vintage, como eu sou  vintage, e como é vintage a paz do meu.... sossego: tranquila, serena, firme. como uma rocha!)

Comentários

  1. Posso estar enganado, mas penso que hoje, 24 de março, é aniversário do blog, com três velinhas no bolo. Um brinde, pois, à inteligência e à sensibilidade de quem o concebeu e o mantém. Se estiver errado quanto ao dia do niver (guio-me pela data do primeiro post: 24 mar 2009), fica o brinde assim mesmo, entre nós, os VV-adictos.

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  2. Não se enganou, professor! É hoje mesmo. Obrigada por notar, e comentar! Naquele dia, isso não me importo de lembrar, não sabia nem como formatava um post. Hiperlink foi um mistério que durou meses, até entender como funcionava cada coisa, apanhei horrores, hehehe. Também naquele dia 24, nem sei se é bom lembrar, estava acumulando as angústias de 5, 6 meses anteriores, tão chateada que resolvi abrir o boteco virtual como meio de canalizar as passagens da vida, já que não sou afeita a afogá-las em botecos reais. Até hoje, ainda procuro uma razão para seguir com ele, aberto, funcionando, servindo sabe-se-lá o quê, no cardápio. Até hoje permaneço sem encontrar nenhuma razão para isso. Talvez quando descobri-la, seja a hora de fechar o butiquim! Obrigada novamente. Sua presença constante aqui é um prazer e uma honra.

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    1. Sem rasgar seda -tenho horror a isso, podes crer-, mas prazer e honra são meus, ou melhor, são nossos, dos teus leitores. Neste oceano de mesmice e mediocridade, construíste um cantinho tri-diferenciado onde seguido cantas a vida em suas mais densas e escuras sombras combinadas com suas mais brilhantes e luminosas cores (realmente sabes fazê-lo, o que eu posso dizer?). Um lugar para não muitos, o que por si só, nestes tempos de multidões indistintas e de sentimentos universalmente pasteurizados, talvez seja o maior elogio que se lhe possa fazer. Enfim, que bom que acertei a data. Um abraço. Ah, sim, ia esquecendo o principal: parabéns pelo aniversário!!! rsrs

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  3. Parabéns pelo blog e pela poesia!
    Deve pensar seriamente em publicar um livro.

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    1. Obrigada também, Ailton. Sério sobre um livro? I don't think so... As qualidades deles não estão nas palavras que junto em frases, de forma intuitiva e quase infantil, mas sim lá na fonte, um oásis que forma os versos e os mantém consigo. Eles ficam dormentes, em seu interior, quase escondidos. Então eu ouso chegar até a fonte, o oásis, e simplesmente, trago-os à superfície.
      :* duplo.

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  4. Taí, concordo com o Ailton!!!!!!! Vamos começar a campanha "Regina escreva um livro". Já pensou, que legal um monte de crônicas suas?!!!!.E com ilustrações fantásticas que você sempre encontra? Fantástico!!!!!!!

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