CAI A NOITE



Na solene dolência destes versos
Falta-me teu olhar outonal 
Da tua voz ouço o grave breve vento 
Em catedrais de silêncio 
Curvo-me ao tempo, que ainda não passa
- Em espiral. 

Procuro um poço, um oásis 
Carregado de palavras 
Onde eu possa pescar 
[Na imperfeição do dia 
e nas incoincidências da vida] 
Aquelas que subam ao Olimpo 
- aonde vives. 

Palavras profundas que tragam 
- para perto 
Do girassol que avisto no horizonte, 
[da integridade do milharal]
da porosidade do cupinzeiro 
- meio ao pasto
Esse teu olhar de plátano invernal

Palavras simples como apenas a verdade encarna
Que reguem a aridez da distância 
Do alto de tua morada ao meu mais baixo degrau 
Nessa escada de navalhas que rasgam 
A minha carne na escalada 
- de pura saudade. 

Eu procuro as palavras flagrantes de um oásis 
Para a oferenda em minha taça de sangue 
Onde mergulhas teus tantos orgulhos 
Quanto as tuas tão humanas incertezas 
[Porque tens um calcanhar, um tendão 
- tal qual o outro]. 

E assim quando vieres e comigo estiveres 
- saciado em tuas vaidades [de posse de mim 
- as tuas vontades] 
Tu possas cobrir novamente a distância 
De espaço e tempo, do chão de minha fábrica 
- de amores diversos, de paixões e ternuras 
Levando-me embora em tuas asas, até o cume 
- O teu Monte, onde tu habitas. 

Procuro nas estrofes um poço - um oásis 
Carregado de verdades profundas 
Onde eu possa pescar a simples palavra 
para dizer-te outra, qualquer uma outra 
- que seja uma, em nós dois! 

Comentários

  1. Bonita procura...

    Final de semana maravilhoso para você, Regina!

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