CAI A NOITE


Sua fome se assemelha ao seu alimento
Tudo o que exige, dá
- oferece, entrega;
Seu ar de respirar é como o sopro
Dos vivos ao seu redor -
Tudo captura e prende.

Seu olhar tem a fidelidade que devolve
Reto - como a verdade com que serve
Sua boca faz dançar as palavras
Que possuem a medida da liberdade
- que deseja (para si e para mim).

Seu temor tem a cor dos seus pavores
Remidos pela ternura indômita
Quando (me) confessa os seus pecados;
Seu lume inspira-se na sua escuridão
Têm a medida de todas as coisas
- que não cega, E guia seu caminho
Como quem desbrava clareiras
Reconta os destinos.

Pesado e leve como uma criança
Garante no mundo tanto os sóis
- quanto as luas
Na gratidão da entrega
- da confiança irrestrita.

São braços, ações, lábios, pensamentos
- e vontades, obstinados,
Na cadência da honra
Sob o manto sagrado da lealdade
Que lhe emoldura os ombros.

Seu sono é o sonho dos inglórios
A paz guardada para o despertar
- dos justos;
O meu amor é o seu escudo
Protegido, o faz crescer na vida
E gozar dela
Toda a sua plenitude.

(Ilustração: The Colossus, by Goya)

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