PRONUNCIAMENTO ELEITORAL GRATUITO: HABEMUS OPOSIÇÃO, DONA DILMA


Oposição, do latim oppositìo, ónis, possui, entre suas acepções, força, vontade, tendência contrária, antagonismo. Estruturalmente, oposição implica a coexistência de duas idéias contrapostas, por exemplo: preto x branco; verdade x mentira; vida x morte.

Na seara política, não haveria forma outra de compreender o sentido de oposição, salvo a disputa entre, ao menos, duas forças contrárias implicantes, lógica e estruturalmente, de sinal trocado: certo x errado; mais x menos; vencedores x perdedores; governo x oposição. Dessa forma, o partido derrotado numa eleição automaticamente vence o direito de assumir o cargo de OPOSIÇÃO. 

Desde 2003, os eleitores que não votaram para eleger o PT, só queríamos que os nossos representantes, que não são os eleitos mas aqueles em quem votamos, estivessem presentes cumprindo bem o papel que as urnas lhes concederam: o sagrado direito de opor-se ao governo do partido contra o qual, disputou. São, governo e oposição, partes do mesmo jogo democrático. Ambos fazem parte do estado e são constituídos pela vontade do eleitorado. É uma via de mão dupla: o cidadão precisa que a oposição traduza para ele, em linguagem própria, o que ela quer, planeja; a oposição precisa trazer, para o debate político, os valores, os anseios, as pretensões do cidadão esquecido. 

Nenhuma democracia verdadeiramente estabelecida abre mão do contraponto às ações e inações dos governos, mundo afora. No Brasil, o desgoverno não governa para não correr o risco de errar, e cabe à oposição, obviamente, opor-se, correndo o risco de acertar. Aqui, na ocasião da não cassação de Donadon, ao comentar a reação de Aécio Neves, presidente do partido que ganhou nas urnas o direito de se opor ao ser derrotado pelo PT, apontei que esta, rápida, era o tipo de ação que se espera da oposição: "Na política, "marcar posição" é, neste caso, marcar "oposição" no olho do lance, no calor do momento. Agora que a oposição começou, espero que não pare." E não parou.

Na véspera do feriado de Independência, quando tradicionalmente o presidente da República faz um pronunciamento à Nação, Dilma fez propaganda eleitoral, com a cara de pau que só o PT dispõe com tanta competência. Com uma predileção para a publicidade antes de ações efetivas de governo, o governo brasileiro decide o que é bom e o impostuinte paga a conta do que é ruim, inclusive esta da propaganda eleitoral antecipada em forma de pronunciamentos da presidente Dilma.

Eis que numa sexta-feira à noite, Aécio Neves fez plantão de oposição e soltou o verbo. Ocupou o espaço que há muito vagava, de forma direta. Segundo o jornal Folha de São Paulo, para o senador mineiro, ao transformar o pronunciamento à Nação em propaganda eleitoral gratuita, Dilma retoma, "práticas que se considerava banidas da política brasileira, inimagináveis depois que a população foi às ruas exigir austeridade e respeito às instituições e à ética". Aécio ainda anunciou que o PSDB entrará, já na segunda-feira, com representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral denunciando a propaganda irregular.

Aécio correu o risco, e acertou. Habemus oppositìo.

Comentários

  1. Só lamento que Aécio tenha assumido oposição só agora que é candidato. Nos 11 anos em que o PT está no poder não vimos este empenho.

    @MariaFeistauer

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