TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO: O POPULISMO JECA DO GOVERNO DILMA

(Photo: O Tempo)

Imagine a fabricação de uma roda de trator. Agora, imagine a mesma fábrica construindo uma asa de avião. Prontas as duas partes, estão à sua disposição uma roda de trator e uma asa de avião, então, o que poderá fazer com ambas? Qual a aplicação prática e real das duas peças distintas, sem o restante do trator, e sem o restante do avião? E mais importante, qual a utilidade delas na sua vida? Em quê uma roda de trator e uma asa de avião podem, isoladamente, melhorar a sua vida? Pois assim pode-se descrever as obras que diferem um governo sério, capaz, com planejamento e competência, das obras de um governo populista. Projetos faraônicos, geralmente lançados ao mesmo tempo, que, pelo vulto da proposta e da propaganda que se faz, causam impacto. Mas que, cada qual sendo um pedaço apenas, não oferecem nenhum tipo de solução para a população. Nenhum benefício. 

A base ideológica da história do PT deu-se sobre o marxismo stalinista, mas este apenas alçou o poder com a primeira eleição de Lula em 2002, no momento em que despiu-se da roupa de eterna luta do trabalho contra o capital e internalizou Joãozinho Trinta, com sua máxima: "quem gosta de pobre é intelectual". Começou aí a travestir-se do velho populismo de outras eras ao defender que o povo é feliz se consumir supérfluos, porque é bom, a que custo for. Populismo mascarado outrora, recentemente oficializado como slogan de pré-campanha da reeleição de Dilma: "Do povo, para o povo, pelo povo". 

Se uma ideologia marxista já seria por demais contrária ao desenvolvimento do país, o marxismo populista de Lula e Dilma nos brindam com a roda de trator e a asa de avião: um dos melhores exemplos é a transposição do Rio São Francisco, projeto do Governo Federal sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional. A obra pretendia assegurar a oferta de água para 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Tempo verbal passado, porque uma obra parada, inacabada, com o que já existe deteriorando-se e o que ainda haveria de ser feito sequer tem um planejamento, não oferece tem razão de ser no presente, e é incógnita total para o futuro.

A transposição do Rio São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica sendo executada pelo governo Dilma, cujas características não fogem à regra do seu desgoverno populista: mais de dois anos de atraso, e um custo acima do previsto já na ordem de R$ 3,5 bilhões. Assim, a população que vê morrer a terra, o gado, a vida ao seu redor, e morre de sede aos poucos todos os dias, não tem "as águas". Nesta terça-feira, 8, justamente no Dia do Nordestino, o jornal O Tempo traz uma matéria ampla, crua e dura exatamente como é a cruel realidade da vida na seca sem as águas do São Francisco. Que o próprio sertanejo "transpõe":
"Já há pelo menos dois anos que o aposentado Severino Pereira de Lima, 68, reclama de dores nas pernas e na coluna que o acompanham na lida da roça dia após dia. O problema de saúde, talvez, pudesse ser amenizado se ele mesmo não precisasse puxar uma carroça pesada por cinco quilômetros para buscar água para a família. Com a simplicidade de quem sempre viveu na zona rural de Pernambuco, Severino se define como “um homem que virou jumento”. Ele abriu mão do animal por não ter condição de dar de comer e de beber ao bicho." É A Transposição do Descaso. Clique aqui para ler a íntegra da reportagem.
O somatório do altíssimo e descontrolado custo da obra mais os anos de incompetência do Ministério da Integração Nacional na gestão do projeto caem direto no colo do presidenciável Eduardo Campos, proprietário do PSB, dono do feudo desse Ministério. No governo do PT há 10 anos, e responsável direto pela realização da Transposição do Rio São Francisco, o PSB tem muitas explicações a dar. Em contrapartida, no recente programa de TV do PSDB, seu protagonista, o senador Aécio Neves, apontou os problemas da Transposição claramente criticando o descaso do governo federal. O projeto tido como uma das prioridades do governo Dilma Rousseff e que deveria ter sido concluído no final do ano passado,  agora está prometido para 2015, mas quem anseia por ele há tempos não acredita nem um pouco nisso. “A seca está grande, sem legumes, sem feijão, sem o milho. A gente confiado nessa obra e está aí com três anos e nada, nada. Mesmo que eu não tenho a fé de ver a água passando, pelo menos as duas netinhas que eu tenho..." lamenta o agricultor Francisco, na conversa com Aécio.


O governo brasileiro, formado pelo PT e seus aliados, decide que tudo é realizável por canetadas eleitoralmente políticas - sem lastro, sem crescimento palpável, sem planejamento e sem competência - às costas de absolutamente todo o povo - todos somos pagadores de impostos - em benefício de sua clientela, a que lhe garante a permanência no poder: são, tanto os grandes grupos empresariais sócio-dependentes do BNDES, empreiteiras ligadas à Transposição inclusas, quanto a "nova classe média" que idolatra um slogan, cede à propaganda e foi criada pelas mesmas canetadas: o decreto que estabeleceu a felicidade pelos índices de consumo, e não pelo progresso individual lastreado em uma formação educacional com reflexo na ascensão profissional, que garantiriam melhorias duradouras na qualidade de vida.

O Brasil de obras extremamente caras que são inúteis porque inacabadas, escapa da ideologia dos partidos do governo não em sentido à direita ou ao centro, mas cai direto nesse populismo lulo-dilmista, que nos custa caríssimo, em nome de um nacionalismo jeca e da fraternidade paternalista de um discurso de igualdade aos miseráveis, que no caso dos que dependem das obras no Rio São Francisco, seguem mais iguais que nunca, na morte pela seca.

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