O EXERCÍCIO DO PODER E OS RISCOS PARA A DEMOCRACIA

Poder: ter autoridade para; ter a faculdade ou possibilidade de; 
ter permissão, ocasião, oportunidade ou direito de; posição de mando, 
de direção; domínio que se exerce sobre alguma coisa. (Caldas Aulete)


São inúmeras as maneiras de se exercer o poder. Insidiosamente ou pela força, fato é que trata-se de um desejo perseguido por todos os que almejam cargos públicos. Ser O Estado. E gozar dos seus benefícios pessoalmente e/ou através de um pequeno grupo com os mesmos interesses. 

A democracia corre risco quando o poder não encontra, diante de si, nenhum obstáculo que contenha sua marcha, de forma que ele possa moderar-se, a si mesmo. É absurdo o pensamento esquerdistamente correto em vigor que delega ao estado o poder de fazer com que o indivíduo passe da condição de ser pensante e razoável, à condição de animal bruto, autômato, guiado. Teleguiado. Uma coletividade de escravos do pensamento faz o estado feliz justamente por não ser fundamentada em vontade livre. Coletividade alguma, isso é fato, expressa liberdade. Por si, pressupõe a supressão do pensamento individual, em nome do "interesse social". 

"Somos todos iguais" é uma mentira completa. As diferenças são naturais. Somos dotados de diferentes características, inclusive físicas. Mas as que mais interessam, são as capacidades. Essas não são iguais para todos. É dado da natureza, desde que o mundo foi criado. Os mais fortes - capazes - lideram. Caberia, então, ao estado, numa democracia verdadeira, a função de auxiliar os mais fracos, de forma a adquirirem o máximo possível de capacidade. Mas aí, se todos soubessem que podem usar de sua razão livre, esse seria, por sua vez, um estado livre. E isso passa anos-luz de distância do que os governos esquerdistamente desgovernados desejam. 

Tentadora é a facilidade de se deixar conduzir por quem tem a capacidade de exercer o poder. Quantos são os que sabem que podem ser donos de si próprios? Quantos são os que sabem que podem discordar? Um povo superprotegido pelo estado, cercado de cuidados que determinam o que se pode ou não fazer, é transformado por esse último em uma manada de preguiçosos, inertes, que esperam sentados tudo o que o estado lhes "deve" prover. Assim vão se formando as gerações propícias a sempre serem lideradas. Em benefício, obviamente, do estado. Sem a necessidade de evoluir, por não precisar lutar por sua sobrevivência, o caminho natural é a extinção. A natureza tem horror ao vácuo, e ela tratará de substituir esses que concorrem para a extinção.

O que mantém um grupo de opinião unido, depois de participar de alguma ação - alguns chamam de organização - é o poder. Sem o exercício dele, ou ao menos a persperctiva de exercê-lo, por maior que seja a qualidade dos valores que defende, o grupo torna-se impotente. Não vemos isso acontecer, a cada dia um pouco mais, à nossa frente? Toda mobilização que uniu, há um ano, pessoas que pensam de forma muito diferente, apenas contra o projeto do PT de seguir na Presidência da República, sem representação em alguma esfera de poder, esvaiu-se. E pode ser extinto, assim como aquele grupo dos que não têm opinião ou ação alguma. 

Também é forma de dominação o poder pelo uso da opinião pública. Numa verdadeira democracia, se diversos grupos de opinião fossem fortes o suficientes, cada qual anularia a opinião do outro. Por isso, o totalitário estado através do agente que nos desgoverna - o PT da Dilma Rousseff, do Lula, do presidiário José Dirceu - faz tanto uso da expressão, em seu próprio interesse. "Opinião pública", algo bem a calhar, desde que seja a opinião do programa do partido no poder, através da opinião publicada nos meios de divulgação: a imprensa. Porque não se pode mandar contrariando a opinião pública. O poder precisa que a opinião pública seja a mesma opinião de quem o detém. Daí porque numa democracia forte exite o contraditório, a opinião de oposição ao poder.

O que quebraria o coletivo da opinião de interesse do poder é a razão livre. Tanto falamos sobre liberdade fora do conceito marqueteiro, ilusório e liberticida da igualdade e fraternidade, porque ela é o valor que mais nos falta, à nossa "República". À nossa tão imatura democracia, em realidade, não falta poder. Faltam lei e liberdade. Leis temos demais, aliás. Contudo, sem força para serem cumpridas, tornam-se inúteis. Lei e poder, sem liberdade, é despotismo. Liberdade e poder, sem lei, é anarquia. Poder sem lei nem liberdade é tirania. 

República só tem lugar onde há poder com lei e liberdade. Temos uma República no Brasil?

(...) Todas as vezes que um poder qualquer for capaz de fazer todo um povo contribuir para um único empreendimento, com pouca ciência e muito tempo conseguirá extrair do concurso de tão grandes esforços algo de imenso, sem que com isso seja necessário concluir que o povo é muito feliz, muito esclarecido ou mesmo muito forte. 
Alexis de Tocqueville, em 'A Democracia na América'

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