CAI A NOITE


Porque não há nem pode haver Uma só razão
Porque libertas minha imensidão Para caber 
Pequena na palma de tua mão
Porque me chamas, me chamas Não me despeço talvez obedeço
Porque confias plenamente e agradeces Eu te entrego
Todas as horas que nem sabes precisar
Porque dá-me de beber a tua água Eu quero morrer de ti em mim
Porque vivo e revivo sozinha 
Tu desamarras de mim a tua eternidade
Porque me confundes com silêncio Eu te desconcerto com entendimento
Porque me surpreendes com os teus retratos 
Visto-me de tua imagem
Porque me procuras nas minhas fadigas Eu te sufoco com minhas angústias
Porque provocas minhas dúvidas Na soma formidável das horas 
De tua ausência alimenta-se a minha saudade
Porque sabes da minha necessidade de adorar-te 
E adoras ser urgente 

Porque me enfureces e me iluminas 
Mas como ninguém eu te conheço e tu como só tu me advinhas

Porque não há nem pode haver uma só explicação 
Não pode nem há outra razão 
Que não tu.

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