DILMÊS CASTIÇO E A NOVA CLASSE MÉDIA DO FUTEBOL


Política e futebol nunca deixaram de se misturar, desde que se cunhou o ditado que futebol e política (e religião) não se deve discutir. Em tempos de Copa do Mundo no Brasil discute-se, muito, e todos misturados, inclusive pela imprensa esportiva que resolveu futebolizar religiosamente as vaias e cânticos de homenagens com que a torcida de vários lugares do país, alcunhada de elite branca paulista, tem dedicado à Dilma Rousseff em diversos palcos da festa da bola, não por acaso, patrulhando, bem ao gosto do PT, uma das coisas mais livres que (ainda) há nestepaiz: o sentimento do torcedor na arquibancada de um estádio.

Na convenção do sábado, dia 21, que marcou o lançamento da derrocada da Dilma à sua não-reeleição, um dos assuntos escolhidos para emular o sentimento de vira-lata na população (como se a população estivesse assistindo a dita convenção) foi a Copa do Mundo, utilizado por todos os que discursaram no evento. 

Esta Copa tem sido pródiga em desbancar os favoritos de sempre, como todos estamos assistindo. Nos jogos do sábado da convenção da Dilma não foi diferente, e, claro, os esquerdo-boleiros aproveitam-se disso para exercer seu sagrado direito ao coitadismo sub-equatorial, politizando os resultados como ensinou Lula: tudo é luta de classes, divisão sócio-cultural e econômica, tudo é segregado. No meio da tarde, Denilson Cicote desabafou, em sua página do Facebook, que "a porcaria é que agora a Dilma vai dizer que graças a seu governo as seleções pobres e despossuídas venceram as elites brancas Europeias reacionárias. A nova classe média do futebol". Sim, é mais ou menos isso que os defensores do vira-latismo esquerdopetista estão a dizer redes sociais afora (e até nas TVs) e quando li o post, já à noite ao ser citada num comentário pelo meu irmão JB, eu quis saber do Denilson como seria esse discurso em dilmês castiço, aquela língua estranha da dona presidente, que tanto faz falar dos pés ou da cabeça que ninguém compreende mesmo. Denilson, prontamente, traduziu (ele tem um dicionário de dilmês castiço que não empresta para ninguém).
"Olha, eu queria dizer uma coisa, e essa coisa eu vou dizer falando. Falando da coisa importante a dizer que é ter essas coisa de seleções que...bom, seleções que fazem coisas que nos países ricos eles não fazem, que é fazer do futebol um esporte com bola, porque o futebol tem de ter bola pra ser chutada, e tem também o goleiro que pode pegar as bolas na mão, e isso mostra que há diferenças no futebol que precisam ser superadas, além daquela coisa que chamam de impedimento. Porque o impedimento é impedir os países pobres, quero dizer os despossuídos, despossuídos porque não tem posse nem de bola, que eles não deviam ser impedidos de marcar gols, e isso mostra um caráter elitista do futebol que meu próximo governo vai acabar trazendo de novo a Copa pra então poder terminar os estádios e os jumentos não precisarem mais andar de metrô."
Assim fica sentenciado que o estado de espírito da Nova Classe Média atinge o futebol na tentativa de desfazer a verdadeira característica desse esporte que, como provou o gol solitário de Messi que salvou a Argentina no mesmo sábado, apesar de ser uma prática coletiva, obtém mesmo os seus resultados pelo talento do indivíduo. A Nova Classe Média em dilmês castiço, a exemplo do que Dilma faz com a Língua Portuguesa e com a economia do Brasil, liquida o mérito do futebol em favor do coitadismo. E ninguém entende nada.

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