RECONSTRUÇÃO


Temporada de águas intensas, violentas, levam o que encontram pelo caminho. Vidas, casas, pontes.

Chega um momento, no entando, que a água se aquieta. O rio se acomoda em seu leito. As tempestades se abrandam. É chegada a hora de reconstruir.

O que tinha vida e se foi, não volta mais. A luz dos olhos enevoada, não brilha novamente. A força da existencia deixa de vibrar.

A casa, do piso ao teto, é reerguida. Pode ser mais bonita. Mas não é, de jeito algum, a mesma. E sempre faltará algo da antiga morada, e o vazio no peito machuca a alma e deixa suas cicatrizes.

Nada entretanto é mais difícil do que reconstruir pontes. O que unia dois pontos demora a ser refeito. E nunca, jamais, será igual. Porque quando a ponte se vai, com ela esvai-se a confiança.

Quem vê uma ponte destruída não confia mais, inteiramente, em nenhuma outra refeita em seu lugar.

Perde-se o tempo. Perde-se o espaço. Perde-se o rumo daquele caminho que já provou ser eficiente.

Quando uma ponte é destruída, alguém sempre perde a vontade de atravessar para o outro lado. E perdem os dois lados.

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