DOS MEUS MOLESKINES - CARTA DOIS.



Olá, companheiro. 

Sem querer te usar e já te usando, escrevo para dizer que tenho pensado muito em você ultimamente. Sei que anda muito ocupado. Te vejo trabalhando o tempo todo, ainda mais aqui em Brasília. Prometo, por isso, não monopolizar sua atenção. 

Você está muito mudado. Para quem nasceu no berço socrático, pela filosofia de Antístenes e largamente disseminado por Diógenes, foi uma mudança muito, muito radical. Por onde anda agora... nossa, quanta diferença de sua origem.

No início você se importava essencialmente com o desapego aos bens materiais e tudo o que é supérfluo. Ensinava que a felicidade remete `a essência da própria pessoa. Ou seja, que a virtude consiste na conduta moral do homem e não nas aparências externas. Com o tempo você se mostrou o oposto disso. Agora só quer fazer parte da vida daqueles que não tem pudor algum, dos que são totalmente indiferentes ao que os outros pensam, sentem ou desejam.

Passeia com desenvoltura em qualquer lugar, mas creio que encontrou lá pelas bandas do Congresso Nacional um cantinho legal, não é? Você dá suporte a toda amoralidade que permeia aquele centro de debates, justamente onde, supostamente, a sua essência inicial deveria ser resgatada e honrada. Sua  conduta é disseminada entre os integrantes daquele poder. Nada diferente dos outros dois, na Praça dos Três. Ah, rapaz, e na imprensa, então, nooossa! Que baita terreno fértil para as suas ideias e seu novo 'life style', heim?!

Você se acha muito importante, agora que pode mostrar sua verdadeira face em todos os lugares, sem precisar sequer ficar vermelho*. Rompeu relações, definitivamente, com a vergonha na cara. Não quer mais ser visto com ela. Pimpão, anda saracoteando com todo mundo sem distinção. Há muito tempo, por sinal, eu não te via assim tão faceiro, tão à vontade.

Ah, reconheço: nessas eleições, você foi democrático. Tanto montou nas costas de trabalhistas, liberais, comunistas, democratas, populistas, tucanistas, lulistas. Até nos verdes que viajam no vermelho você colou! Serviu a palhaços, jogadores de futebol, a uma ou outra beldade e àquelas que, fala sério, fazem medo de olhar, heim?! Você é corajoso, além de tudo, porque essa criatura em quem você grudou...Rapaz, diz aí, é feia de doer! E ainda teve tempo de ser aliado da amiga de primeira hora dela, a tal dos 6%... Você tem estômago pra andar com essa gente, Ave Maria! Enfim, você é O Cara, não?

Penso se não é hora de por sua barba de molho. Acho que você já não está mais com esse cartaz todo. Não digo que verei sua morte definitiva, porque para alguma coisa você ainda há de ser útil (inclusive para mim, confesso, já que uso com moderação). Só que como está, dominando o cenário, não dá mais pra te aguentar. 

Vejo uma movimentação interessante, de pessoas interessantes, pensantes. Isso se chama reação. Muitos de nós já começamos a reagir, frente à você. E por falar em frente, queremos mesmo é te ver pelas costas, sem esperar resposta ao dilema: foi você quem se apoderou do governo brasileiro, do Lula, do PT e aliados, ou foi bem o contrário? Tipo Tostines, sabe?


Creio que nem com a desfaçatez de se fazer de normal, comum, disseminado em tudo quanto é canto, você não terá mais tanta margem de manobra. Não adianta se esconder atrás do transtorno de múltiplas personalidades, não nos engana mais. Em qualquer cara que surgir, a gente já vai logo te reconhecer. Fica esperto!

Pois é isso, companheiro! Era o que eu tinha a dizer. E pra me despedir muito ao seu estilo:  "um beijo no seu coração." 

Adeus, Cinismo.

(Ah, mas antes de sair, veja o clip. Sem querer te usar e já te usando...)

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