CAI A NOITE

"Que canto há de cantar o que perdura
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer"
(Hilda Hilst)

Comentários

  1. Velvet, você "canta para amenizar". Da minha parte, quando quero amenizar, aprendi a visitar essa sua casa, pois sei que sempre há deleite em passear por aqui.

    Que chaves são essas que alguns têm, somente alguns, de abrir a alma humana e expor suas incongruências mais submersas. Viva Hilda Hilst!

    ResponderEliminar
  2. Falamos de forma bem dura sobre temas igualmente espinhosos. Apesar de parecer - e é - contraditório, à noite, tiro um pouco o peso da mão.

    Obrigada pela atenção de sempre, visita e comentários.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares