É?

“Eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir”




Foi uma semana estranha. Ela começou com o deputado Jair Bolsonaro “bolsonariando” e terminou com bueiro explodindo no Rio. Entre um fato e outro, muita mais muita palavras e atos que me deram a impressão de estar participando de um “deu a louca no mundo”.

Senão vejamos: quem imaginaria Caetano Veloso exortando à Abin investigar e punir quem fez postou no youtube um vídeo criticando o ministério da Cultura por ter dado grana a “mana Bethânia”? Sim, aquele que um dia cantou é proibido proibir quer agora que um órgão do governo puna quem exerceu seu direito de livre expressão.

E a liberdade de expressão seria novamente ultrajada por uma onda de protestos contra as palavras de Jair Bolsonaro. Mesmo bi-protegido pela Constituição (livre direito de expressão e imunidade parlamentar contra a acusação de crime de expressão), o deputado fluminense foi previamente condenado e ainda deve agradecer aos céus que jogar gente na fogueira seja uma penalidade ultrapassada.

A gritaria contra o parlamentar foi tão grande que praticamente escondeu algo que nem o Miguel Falabella ou Jorge Fernando em suas inspirações mais loucas ousariam colocar numa cena de comédia em uma novela ou numa peça de teatro: a censura à revista Caras. Sim, você leu certo, a revista de origem argentina conhecida por sua, digamos, futilidade foi proibida de citar em uma matéria sobre o suicídio de uma atriz, o nome dos filhos, do marido e o bilhete. Assim, no melhor estilo anos 60, a revista trouxe um monte de tarjas pretas, onde estariam as partes censuradas.

E a semana ainda não tinha acabado e mais um momento “alguma coisa fora de ordem” acontecia. Os militares foram proibidos de fazerem qualquer ordem do dia sobre o 31 de março. Pelo menos um general, Heleno, foi impedido de dar uma palestra. Entre um fato e outro tivemos o governo interferindo pesadamente para mudar o presidente de uma empresa privada. E o que tem tudo isto a ver com um bueiro que explodiu em Copacabana? Bom, no sábado a Light (companhia de Luz responsável pelo bueiro que explodiu) explicava que ainda há equipamentos de mais de 30 anos em uso sem manutenção permanente. Eu acho que como o bueiro, o direito de expressão no Brasil também não está sendo bem cuidado nem mantido onde deveria estar: acima de ideologias ou de interesses pessoais. E por isto, se bobearmos poderá ir pelos ares a qualquer momento.

Mirtes Guimarães, mineiroca - a jornalista carioca que nasceu em Minhas Geraes...


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Comentários

  1. Adorei seu jeito de escrever. Gostoso, parece que estão todos conversando ao redor. Acompanharei o blog.

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  2. marcia190703/04/11, 17:55

    Brigada Cristina e bem-vinda!

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  3. Querida, cada vez sinto mais orgulho em ser sua amiga. Que delícia de texto! Amei. E sim, esse é o Rio!

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