MEDO É FOME DE QUÊ?


Fobia: do gr. phóbos,ou 'ação de horrorizar, amedrontar, dar medo' + -ia, autonomização do el.comp. pospositivo -fobia, muito produtivo no port. (Houaiss)


Fobia: na psicopatologia, é estado de angústia, impossível de ser dominado, que se traduz por violenta reação de evitamento e que sobrevém de modo relativamente persistente, quando certos objetos, tipos de objeto ou situações se fazem presentes, imaginados ou mencionados [As fobias são classificadas entre as neuroses de angústia, na teoria clássica das neuroses.] (Houaiss).

Quando criança, eu tinha fobia de cachorro com hidrofobia. Todos os anos, nos meses de agosto, era estar diante de qualquer cachorro “raivoso”, já pensava irracionalmente: é cachorro louco. Mesmo que não fosse, eu saía correndo. Por que ninguém queria contaminar-se com a baba de cachorro louco! Hidrofobia não tinha, e ainda não tem, cura. Mas, hoje, adulto, curei-me da minha hidrofobia. Resta apenas a raiva das fobias incuráveis.

Criança, ainda, outra fobia era do literal fim do mundo. Naqueles tempos, era escutar alguma história do “fim do mundo que se avizinha”, uma fobia me devorava de dentro para fora. Pior: “qualquer um se achava entendido, profeta do fim do mundo”. Especialmente, para mim, meu pesadelo recorrente era que o mundo acabaria quando ficasse quadrado. Hilário, hoje, mas lá atrás, convenhamos, a possibilidade de chegar na beirada do mundo e cair no vazio era realidade mental.

Outra infantil, adolescente, adulta, velha, eterna, infelizmente, para mim, ao menos, ainda não sanada, era a fobia de baratas. Só de ver uma periplaneta, o asco, o nojo, a repulsa eram instantâneos.  Imaginar, então, ouvir aquele barulhinho (krokkk), debaixo do meu pé, acidentalmente... Não era outra coisa, senão o meu “fim do mundo mental”.

Mas, por que tudo isso sobre fobias? Simples: as fobias existem; são conaturais aos animais, inclusive o homem. Todavia, no mundo atual, sobretudo nestepaiz demencial que se erige no lugar do Brasil, escancham-se os controles, as interferências, as ordens, as proibições desgovernadas sobre as... fobias da cada indivíduo.

Ilimitadas fobias há, nas infindáveis sinapses da mente humana, mas, nestepaiz demencial, o fim do mundo chegou!

Uma fobia a menos.


(Ilustração: O Medo - óleo sobre tela de Clarice Lispector)

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Comentários

  1. PARABENS!!!!!!

    SEMPRE UTILIZANDO AS PALAVRAS PARA ALERTAR A TODOS SOBRE A GRANDE BATALHA QUE ENFRENTAMOS NESTE CIRCO DE HORRORES QUE SE TRANSFORMOU O BRASIL DEPOIS DE 2005!!.

    Marisa Cruz

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  2. Vocês, como sempre, maravilhosos.
    Adoro os textos e venho sempre aqui.
    Quase nunca comento porque geralmente fico pensativa demais e me transporto a situações vividas ou idealizadas, quando não foram realizadas por um detalhe.
    Faço minhas as palavras do comentarista anterior.
    Parabéns sempre!

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