CAI A NOITE


Não me devolvas à alma sequestrada
Nada me foi tomado, que não tenha sido dado
Estou no gueto -  isolada
apartada de mim, no espaço, só
Afogada; afogueada
Ainda estou aprendendo - o afrouxar
Retiraste-me - do retiro
Meu véu desnudado, por tuas mãos
Do calor insepulto, tua fagulha fez o fogo
Ainda estou aprendendo - de joelhos, frente a ti
Me vês, além de mim,
da cerração resgatada - O teu altar
Foragida da minha alma, eu quis
Não ser encontrada - mas perder-me
no inquieto de teus olhos que então
Adonam os meus
Não me devolvas à vida enclausurada
Recolha-me, ao teu exílio
Não me vês, chorando? Vejo-te, dormindo
Quando és então somente um homem
Sem asas - sem aspas.
Não me devolvas à alma sequestrada
Tu, que a possui como tua -
tal como me ensinaste, afrouxa 
Não tenho asas - nem aspas, tenho braços
Precisas de um lugar para cair.
Não me devolvas à alma de mim apartada.

Comentários

  1. Lindo, Velvet!
    Lindo e com a força de quem ama, e sofre.

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  2. eu não sou muito chegada à poesia, mas nisto o veludo está ar-ra-san-do...
    e que bela foto!!!!!!

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  3. Adoroooooooo poesia.
    Belisssimo amiga!!!
    Beijos.

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