O AMOR ROMÂNTICO DO SÉCULO XXI


Eu não sei se a mulher-mãe-trabalhadora cansou ou se o homem-poderoso-protetor resolveu tirar férias, mas, me parece que tem novo tipo de homem na praça, ou melhor, no cinema. Esta nova espécie não só ama, mas também chora e não tem a mínima vergonha de sua condição de perdidamente apaixonado. Muito menos de, mesmo depois de divorciado, e aos 60 e tantos anos, perguntar à ainda amada ex-mulher: “Quando que eu desisti de você?”.

Esta não é apenas uma tendência hollywoodiana. A frase acima é do filme canadense “A Minha Versão de Amor” que narra a paixão arrebatadora de Barney (Paul Giamatti) por Miriam (Rosamund Pike). No velho mundo este novo homem pode ser representado por Peppino Tornatore (Francesco Scianna.). Em Baaria a Porta do Vento, a história de uma pequena cidade italiana do fascismo à consolidação da Máfia, serve de pano de fundo para o amor de Peppino por Mannina (Margareth Made).

Mas este homem que se deixa levar pelo amor e suas conseqüências encontrou no cinema americano seu maior divulgador. E Hollywood, quando quer, sabe pegar pesado. Um dos seus maiores ícones, George Clooney encarna este personagem em dois filmes. No Amor sem escalas, o cínico e bon-vivant Ryan sai machucado da relação com a bem-resolvida Alex. Como parece que a ordem é botar bonitão para sofrer, em Um Homem Misterioso, Clooney é outro cínico que como matador profissional vai parar em uma cidade italiana onde encontra a prostituta Clara (Violante Placido).

Agora ninguém está encarnando tanto este homem que esbanja virilidade e amor do que a dupla de tirar fôlego Russell Crowe e Gerard Butler. O eterno gladiador, agora um ex-boxer faz tudo pela família inclusive voltar ao ringue em A Luta pela Esperança. Aliás, o título original deste filme dá o tom desta nova era: Cinderella Man. Mas, é em 72 horas que Russell mostra o que um homem pode fazer por amor. Único a acreditar na inocência de sua mulher e após anos de recursos jurídicos inúteis, um professor universitário planeja a fuga dela de uma prisão. 

Enquanto isto, o escocês que foi amado e odiado em o Fantasma da Ópera (outro atormentado pelo amor) fez as mulheres suspirarem em PS Eu te amo. Afinal que coração não se derreteria por este homem que sabendo que iria morrer deixa uma mensagem de ânimo e esperança para a esposa? Este amor sem limites chega ao ápice em Código de Conduta. Atire a primeira pedra aquela mulher que não torceu por Clyde em seu plano sanguinário para vingar o assassinato, na sua frente, da filha e da mulher.

A lista é imensa, e toda esta onda me lembra “o pai de todos homens-família”: Kramer versus Kramer, onde Dustin Roffman fez o mundo odiar Merry Streep. No longínquo 1979 se discutia os direitos de um pai. Hoje se mostra que um homem também sofre e chora por amor. E é através desta qualidade que se encontra a tão propagada igualdade sexual.


Mirtes Guimarães, jornalista mineiroca que traduz o cotidiano.


Em deferência à Mirtes, abri o post com Clooney. 
Em deferência à mim mesma, fechei com Butler.  E tenho dito! (Velvet)

Comentários

  1. Ai ai... (suspiros)
    Parabéns Mirtes e Regina!


    When will I find one of this for me?

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  2. Sou obrigado a dizer POTAQUEPAREO...
    Antigamente, e nem tanto assim, via-se e ouvia-se rodas de homens de bem (desses que já não existem mais, como diz o artigo) mas que podiam falar sem serem chamados de tarados, comentando sobre os peitos ou bundas das maravilhas femininas presentes nas telinhas e telonas.
    Quando vejo minhas queridas, respeitáveis e respeitadas amigas tendo a oportunidade de manifestar suas admirações pelos "bem apessoados" (me recuso a fazer outro elogio maior que esse) fico certo de que tudo pelo que muitas mulheres lutaram, inclusive minha valente irmã, está realmente implantado.
    Graaaande texto Mirtes/Márcia. Grande publicação Regina.

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  3. Marcinha, lembro de você me recomendar o filme, e dizer que Up in the air era a minha cara...rsrs.

    Mas na vida real, até mesmo os cínicos (ainda que não bon vivants) correm para debaixo da cama diante de uma que seja bem-resolvida. Preferem o gogó do que a prática.

    Tá feia, a coisa. Bonita, só em Hollywood. Literalmente. Que seleção, heim?! Em tempo: prefiro o Crowe de 72 Horas do que o de Cinderella Man. Mas... outra deferência à autora. Merece.

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  4. vevelt
    depois deste clooney a la john wayne, você pode tudo. (rs)
    não vi o crowe pq estou acessando via cache.
    agora você reparou que os meninos que aqui comentam e escrevem são representantes deste novo homem, né não cacique?

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  5. Que texto delicioso e bem atual,Maninha!
    Vc tocou no ponto certo, aquele que a gente sente,mas não tem a capacidade de definir como vc tão bem o fez...

    Na verdade,não foram só as mulheres que cresceram e "botaram prá quebrar"!

    Esse passo gde que a mulher deu na vida fez com que os homens tb "se mexessem"e tb crescessem!(Não é?)


    O engraçado é que eqto a mulher se desvencilhou da dependência do homem, perdeu o "ar de desprotegida",o homem parece que se tornou mais "humano"(rsrsrs)e passou a demonstrar tb dores e sofrimento ...por amor!!!

    Já se foi o tempo do homem-machão no cinema,que não sabia nem sorrir! Era do tipo do "machão que não comia mel, mas chupava a abelha"
    Parabéns pela sensibilidade de nos trazer um tema tão sutil e tão verdadeiro!
    Gde abç!

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  6. kibon que você gostou, maninha. pensei muito em você enquanto escrevia. afinal você sempre me pede dicas de cinema...

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  7. Madrinha, Hollywood sempre traduz uma visão contemporânea e, muitas vezes, até, muito de futurista, como Meu Tio, de Jacques Tati e, mais ainda, 2001 Uma Odisséia no espaço. Acho que devamos destacar o papel da mulher na sociedade, onde a partir dos anos 70s ganhou seu devido destaque, antes disso, a mulher era criada para mãe e cuidar da casa. Infelizmente. Adorei sua resenha, sempre pontual.

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  8. ok, barenna, de repente posso pensar em um artigo sobre a mulher no cinema...
    beijm

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  9. pode me chamar de ridícula, mas o filme do Gerald Butler, é de deixar qualquer uma chorando. Parece que este tipo de homem vem ganhando cada vez mais adeptos, tanto na vida real, Brad Pitt, Johnny Deep, Jarvier Bardem. Acho que são homens muito inteligentes, afinal achar um parceiro pra vida toda, é uma obra do acaso, pelo qual se deve lutar. O homem galinha parece estar ficando cada vez mais fora de moda

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