UM BRINDE MARAVILHADO

Faço aqui uma pequena e singela homenagem aos que lêem o que escrevo sobre vinhos. Fatalmente cometeria erros e isso é até normal, por desconhecer alguns detalhes. Tive a felicidade de “tropeçar” numa escada e cair de cara para dentro de uma lojinha de vinhos numa cidade super simpática na Região dos Lagos, RJ. Um balneário pacato, super visitado nos fins de semana, no mais, é moradia de basicamente tudo que gira em torno da indústria petrolífera.

Olhei a loja de vinhos atentamente e percebi que ali havia praticamente tudo que um homem poderia desejar - em termos de vinhos! Os preços, alguns salgados e outros bem em conta, até melhores que no Rio de Janeiro.

Olha daqui, procura dali, e vemos coisas interessantes. Na verdade, estava “garimpando”, tendo como missão, comprar 4 ou 5 garrafas para degustarmos uma muqueca de dourado, gentilmente oferecido pelo meu anfitrião. Foi aí que me deparei com a parte da prateleira que dizia: Chile. Tinha de “Fronteira” a 17 Reais até “Almaviva” de 475 Reais, e aí há que se ter cuidado.

Olhando com carinho, vi que haviam representante, ali, da casa Santa Carolina. Normalmente eu teria passado batido, pois já tive algumas decepções com aquela casa. Tipo anuncio demais, pouco conteúdo e preço incompatível com o produto. Mas, após escolher um Cabernet Sauvignon 2007 por 36 reais, deparei com uma garrafa, meio que isolada, onde dizia, Santa Carolina Petit Verdot 2006. Esse eu não conhecia e fiquei admirando aquela descoberta. O proprietário, super simpático, sorriu. “Amigo, esse daí é um espetáculo”. Me explicou que tinha acabado de vir do Chile e visitado a casa, e trouxe alguns desses. Assim, recebi uma aulinha sobre o Petit Verdot, uma uva que deconhecia totalmente.



O Petit Verdot é uma uva de Bordeaux, sub-produto das cepas de Cabernet Sauvignon , Merlot e Cabernet Franc. Na verdade, cria-se essa uva por lá para adicionar nos produtos principais. Tem como característica principal as especiarias, o apimentado, a cor e taninos bem fortes. Além disso, cresce bem em solos onde o Syrah cresce. Dito isso, dá para entender melhor o Petit Verdot. Essa uva é responsável pelo prolongamento dos sabores e mantém o “clima” vivo por mais tempo. Esse Santa Carolina custou 127 Reais, e não teve jeito, quando o dono da loja me disse que tinha 15% de Syrah dentro, acabei comprando!
Bem, começamos com os Cabernet Sauvignon também da Santa Carolina e a muqueca estava fantástica. Equilibradíssima e sem dendê!
Já no final da refeição, com os amigos e as esposas levantando da mesa, meu amigo sorriu e disse: "bem, vamos nós então saber de que se trata esse tal de “Petit Verdot”." Tive que rir, parecia moleque travesso. Abrimos a garrafa e aí fez-se um silencio sepulcral. O “bouquet” inundou a cozinha. Enchemos as taças e deixamos por uns 5 minutos, tempo suficiente para tirar a mesa, e fazer o café. Começou o ritual. Bouquet/por/Paladar. Minha nossa senhora! Indescritível, apenas consegui dizer: "vale cada centavo", e o meu anfitrião concordou. Para resumir, levamos umas 2 horas para acabar com a garrafa. Papos fantásticos e bebericando, de vez em quando comentando sobre as impressões sobre o vinho. Sim, esse vinho tem curva ascendente de qualidade. Com uma hora e meia, aberto, ele só melhorava. No final, predominava o carvalho da barrica, com um pouco de chocolate e pimenta. A mesma pimenta do início. A cor se manteve ao longo das duas horas, mas o mais impressionante era a estabilidade do produto.
É caro? Sim é caro, mas para um trato especial vale cada gota e cada centavo. E aqui vai uma sugestão: refrigerar a 16 graus, e abrir meia hora antes de beber.
Lunarscape é o músico-enólogo que se dedica à medicina por inconsistência do destino.
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Comentários

  1. uau! fiquei com água na boca!
    aliás,eu proponho que haja uma advertência em cima de todo texto do lunar: Cuidado com a salivação excessiva (rs)

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