CAI A NOITE
Nas velhas teias-de-aranha da tristeza
Muitas vezes caem as moscas de Sartre
Mas nunca as vespas de Aristófanes
Uma pessoa pode se lamentar
Com razão e sem razão
E na maioria das vezes sem motivo aparente
Só porque o coração se encolhe um pouco
Não por covardia, mas por piedade
A tristeza pode se fazer presente
Com palavras-chave ou silêncios obstinados
De qualquer forma irá chegar
É é necessário aprontar-se para recebê-la
A tristeza surge às vezes
Ante a fome no mundo afortunado
Ou contra o poço de alma dos desalmados
Dor, pela dor, agindo constante
É prova de estar vivo
Depois de tudo, apesar de tudo
Há uma alegria estranha
Desimpedida
Em saber que ainda podemos estar tristes
Mario Benedetti
(Esta tradução é da Mari)
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