CAI A NOITE
Dois grãos de areia juntos no leito,
Cabeça contra cabeça ao redor do céu,
Repousam, cada qual de seu lado, com toda a imensa praia,
Com o mar que cobre o cair de sua noite sem nomes;
E fora de cada concha abobadada e enraizada ao solo
Uma única voz acorrentada conclama
A fêmea, à morte, e o macho
À traição libidinosa,
Que se dissolve em ouro sob o véu das águas.
Uma frágil ave adormecida
Junto às asas de seu amante que se contraem para o vôo matinal,
Dentro dos ramos de seu ninho
Canta para o falcão peregrino
Carcaça, paraíso, gorjeio de minha gema cintilante.
Uma lâmina de relva estende o seu desejo à pradaria,
Uma pedra jaz perdida e aferrolhada na colina que ondula de cotovias.
Exposta como o ar à sombra nua
Oh, ela que jaz sozinha e imóvel,
Inocente entre duas guerras,
Com seu irmão secreto e incestuoso nos segundos que eternizam as estrelas,
Um homem dilacerado se lamenta na noite solitária.
E os que chegam logo, os mais perversos, os inimigos que emergem das
[profundas
Trevas esquecidas, ralentam o pulso e sepultam seus mortos no sono infiel
[em que ela mergulhou.
Dylan Thomas
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