AMBIENTALISMO E GENTE QUE PENSA

Conviver democraticamente com as liberdades de pensamento, opinião, informação 
e imprensa é respeitar o outro, embora discordando dele. (Ailton Benedito)


Não faço segredo que ambientalismo não é tema de meu conhecimento, ao nível de debate. Acompanho notícias, e principalmente, pela pauta política de um dos temas do momento - na verdade, a única proposta de algo em votação de fato nestepaiz - o Código Florestal, tenho acompanhado com um pouco mais de interesse, ainda. Claro, bebendo nas boas fontes de informação. Uma delas é o blog Código Florestal Brasileirodo engenheiro agrônomo Ciro Siqueira, uma das maiores autoridades no assunto, sem ativismo cansativo, e sem o ranço do ecoterrorismo esquerdistamente ecochato que assola esse mundo velho sem porteira, que acomete principalmente pessoas como eu que não sabem bem do que se trata, mas como não são como eu, dão palpite.

Pois há algumas noites atrás, o trackpad do meu BlackBerry me ajudando a passear pela timeline do Twitter, deparei-me com um debate breve, mas muito interessante. Justamente entre Ciro e o Procurador da República, Ailton Benedito. Transcrevo abaixo. Porque é bom saber - e registrar no blog - coisas de gente que pensa, em meio a tanta mediocridade de ideias e de omissões, por aí. Tantos poderiam enriquecer as timelines de muitos com uma troca assim. Muitos não têm competência. A outros, falta coragem. Há ainda aqueles em que falte ambos. Pois aos dois, não faltou nada. Nem lhes pedi permissão para publicar. Como bem sentenciou, certa feita, o partner BSchopenhauer, a parte erudita deste blog, "o verbo é como filho que, posto no mundo, ganha vida nas vozes que o propagam." 
Ciro: Pq eles não fazem isso na Inglaterra? Rising high to tell Brazilian president to stop the chainsaws | Greenpeace UK


Ailton: O preservacionismo das ONGs internacionais funda-se na divisão de bônus, para eles, e ônus, para nós.

Ciro: Concordo. É paz verde para eles e miséria verde para nós. Preservar meio ambiente sem a miséria junto é um desafio nosso.
Ailton: Preservar o meio ambiente deve ser compatível com promover o desenvolvimento. Nem 8 nem 80.
Ciro: Você percebe um dilema ético nesse vídeo? O ambientalismo ongueiro não http://www.youtube.com/watchv=SLMDSwg1VVw&feature=share 
Ailton: Percebo claramente o dilema ético. As ideologias salvacionistas não enfrentam dilemas. Apenas certeza. A preservação do meio ambiente é viável à medida que ele é compreendido como meio de realização do homem. A visão ecocêntrica torna a preservação ambiental cara, insustentável, genocida.
Ciro: Minha labuta é expor esse dilema. Vivo na Amazônia, esbarro nisso td dia. Conheço centenas de pessoas como as do vídeo.
Ailton: Seguramente, é uma tarefa árdua enfrentar a ideologia ambientalista.


Ciro: Por exemplo, há entre teus colegas do MP, quem defenda a retroatividade das leis ambientais em nome dos direitos difusos.

Ailton: Há diversas visões ambientais dentro do MP, como nas demais instituições e na sociedade.

Ciro: A relativização do direito de propriedade em nome da preservação de algo tão vital e premente como o meio ambiente pode...

Ailton: Não há direitos absolutos, nem o direito a vida é, haja vista a legítima defesa, o estado de necessidade, por exemplo. O direito de propriedade também não é absoluto. Mas a sua relativização pressupõe parâmetros racionais e jurídicos. O que não é possível é a extinção abstrata e genérica do direito à propriedade, conforme a Constituição.

Ciro: E esses parâmetros racionais e jurídicos estão lá, mas não são claros. O perigo está na interpretação desses parâmetros...

Ailton: O perigo está sempre nas interpretações que se dão às leis. Mesmo as "perfeitas" são passíveis de manipulação vil.
Propaguei!

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Comentários

  1. eu queria que quem é contra a agricultura e pecuária de grande porte me respondesse uma questão: como alimentar quase 200 milhões de brasileiros?

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