NA ÁGUA DAS CHUVAS OU NO FOGO DO INFERNO

"Previsão para 2013: vai chover, casas, ruas, cidades destruídas, pessoas mortas, desgoverno da Idade das Trevas desgovernando impunemente." (BSchopenhauer)

(Photo: Veja)

Certa feita, o senador Aloysio Nunes Ferreira disse que oposição “existe para reclamar, ou fazer ecoar a voz daqueles que reclamam”. Mais simples e óbvio que isso, não é necessário. Posso evocar "Navalha de Occam", o princípio lógico do frade franciscano William de Ockham que desde o século XIV defende que a natureza é por si mesma econômica, optando invariavelmente pelo caminho mais simples. Trocando em miúdos, não se usam soluções elaboradas quando as simples servem. Isso se aplica a quase tudo - inclusive na política: se a função é fazer oposição, então faça-se de forma simples, cumprindo bem o seu papel.

Onde reside a dificuldade de se opor ao desgoverno da Idade das Trevas, que jaz no túmulo da corrupção mas segue mais firme, forte, vivo - nos assombrando - do que nunca antes? Por que é recesso parlamentar? Ora, convenhamos! Nesses tempos de comunicação on line, onde tudo é divulgado quase antes de acontecer (em se tratando de propaganda do desgoverno é o que ocorre mesmo) qualquer um é encontrado e pode, no mínimo, falar. 

Um dos maiores - entre muitos - erros da oposição em geral e do tucanato em particular é não querer absorver o sentimento do eleitor, e hoje em dia, não permitir que os poucos que querem, façam algo. Conhecer, todos conhecem. E não é por causa de pesquisa de especialista que levou, sei lá, uns 9 meses para ser apresentada, dizendo o óbvio de sempre. Não posso conceber que eu, que nada sou, vejo, sei, sinto, prevejo. Logo, por que os "líderes" experientes, detentores de toda uma vida na política também vêem e não  cumprem o princípio de Occam? Porque é justamente simples demais?

Simples seria pelo menos fazer de conta. Como o PT, quando era oposição, sempre fez. Eu faria. Eu gritaria a cada palavra não dita pela dona presidente (ela não diz lé com cré, reflitam...). Eu faria um auê a cada divulgação de projeto de qualquer Ministério de Coisa Nenhuma do seu desgoverno. Faria um barulho tremendo a cada mínima notícia de suspeita de corrupção que, na verdade, sabemos bem que é regra na Esplanada petralha. "Os suspeitos de sempre", como eternizou Rick Blaine.

Nada menos do que escândalos eu faria pela total falta de planejamento e execução de ações de prevenção às tragédias chuvosas que assolam o país, principalmente o Sudeste. São vidas humanas perdidas, muito além das perdas materiais, pelo amor de Deus! O desgoverno conta migalhas de não-investimentos e o povo conta seus mortos. Os desgovernantes choram falta de recursos e as famílias choram suas perdas irreparáveis. Difícil mostrar que tudo está conforme ano passado e nenhuma força-tarefa de forma geral ou Ministério da Tragédia fará com que, ano que vem, não se repita a mesma situação.

Por outro lado, eu teria ido lá para onde há cidades em situação de emergência pelas chuvas, com megafone, carro de som, o escambau a quatro que fosse preciso, para apontar o que o "meu" governo faria, presente, comparando-se com a ausência do federal. Mas isso sou eu que nem filiada a partido algum sou, muito menos tenho ou terei qualquer cargo eletivo. Isso sou eu, procurando quem colocou doses turbinadas de 'Boa Noite, Cinderela' na bebida dos nobres e ilustres senhores representantes da oposição. É a única tese lógica para esse hiato, a licença para não fazer nada que dignamente represente a nossa decência: Rohypnol define.

Estepaiz transformado em CorruPTópolis não é da conta do PT e de seu desgoverno, isso é exatamente o que nós sabemos e criticamos. É de quem, então? É da minha conta. É da sua conta, porque é da conta dos nossos filhos, muitos dos quais, jovens demais, ainda não sabem o que é viver em um país decente, porque quando começaram a entender, já não havia mais o que entender, estepaiz já era do PT. Mas lembrem-se: seja nas águas das chuvas que assolam as cidades ou no fogo do inferno do governo mais corrupto da história, estamos sozinhos.