CAI A NOITE
Estéril, oco, cujo perfume feneceu há tempos
Torno-me em vida a vida num canto escuro
À mercê do acaso, caso de vida na soledade,
Vida no medo, a morte com medo da vida!
E se tu me preenches de ti torno-me fibra
Vibrante, febril graça, a encher a nossa cama
À mercê da tua vontade de vida enluarada
Fresta de luz que escapa pela persiana,
Viva em sons de vida, tua sublimação viva!
Nada do que é eterno tem pressa....
E se nós nos pertencemos, um ao outro tornamo-nos
Um do outro no exato momento em que nossas mil bocas
Devoram-nos, fartando-nos de nós dois, satisfeitas
Sob nossos mil olhares esboçados no sorriso - do outro
Então eu e tu nos permitimos ressonar
Finda-se a busca de nossas ausências na presença
Marcada dos amores contidos nos nossos lençóis,
Acalentados, pois, em nossos travesseiros
Até o próximo recomeçar...
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