TEMPORADA DO VOTO
Voto é marketing - o resto é politica, diz o título de um livro de
conteúdo afim, cujos dois dos três autores são meus conhecidos de longa data
(Rodolfo Grandi e Alexandre
Marins). Pois este título é tão perfeito que eu o uso como citação, não
apenas nesse post, mas sempre que posso. Ganhar uma eleição é ter mais votos, e
falo apenas da majoritária - prefeito - esquecendo a proporcional, que é um
pagodão do crioulo doido na laje, com som alto demais e fumaça do churrasco a
embotar tudo: ninguém entende nada de como o mais votado nem sempre é eleito.
Melhor deixar para lá.
Mesmo que a política, como ciência, nem de longe seja apenas
o voto, o objetivo de todo político é o voto, portanto, eleição é pura e
simplesmente, voto. Nada mais. A partir do momento em que o eleito toma posse,
todo ato seu - ato político - visa a reeleição ou a de um seu indicado. Isso é
fato da natureza, como afirmar que banana não é manga, é banana. A política,
essa, fica para o resto do tempo, entre uma eleição e outra, e não raro é feita
por quem não "caça" votos para si próprio.
O voto é o protagonista do processo eleitoral. Puro engano
quem diz ser o eleitor. Este é tão somente o instrumento para o voto chegar à
urna (em alguns casos nem isso, mas fraude é outro assunto, para outro dia) e o
que conta mesmo, para juntar votos é o marketing. E daí que, aberta a temporada
de caça ao voto, também chegam os "especialistas" para tanto. Porque
nestepaiz, de médico, de louco, de técnico de futebol e de marqueteiro
político, todo mundo tem um pouco.
Tem-se a impressão, do ponto de vista do eleitor, que o
político mudou-se para sua casa. Entrega de porta-em-porta o velho folheto,
cheio de "propostas" ou ainda o santinho; pelo interior,
principalmente, cartazes, muitos cartazes "marcando" as portas das
casas. Faixas nas ruas, carros de som, Nossa Senhora do Sossego que tire uma
folga nessa época. Mas nada se compara, em termos do interesse do
"marqueteiro" que vive dentro de cada um, à propaganda de rádio e TV
e agora, as chamadas "novas mídias" que de novas nada têm mais hoje
em dia: a internet, a saber, redes sociais, que têm mais importância que os
sites oficiais de campanha, onde tudo é movimento, rápido e fugaz. Pois é nas
redes sociais que habitam, também, os novos "especialistas" em
marketing eleitoral.
Esse pleito de 2012 será a primeira eleição municipal da era
Twitter. Em 2008 já existia a rede de perfis em formato de microblog, porém,
era raridade encontrar quem tivesse o seu nela. Eu mesma inaugurei o meu em
março de 2009 e precisei de muito convencimento para levar algumas pessoas a
fazer o mesmo. Na eleição presidencial em 2010, já pululavam esses que leram
dois ou três artigos sobre o case Obama, cuja campanha utilizou a rede em 2008
e, como usuários experientes da rede, já davam lições. Alguns eram, sem talvez
nem notar o quanto, de fato, bons analistas, muito bons.
Eleição municipal, no
entanto, é a mais próxima do eleitor, aquela que mexe mais que qualquer outra
com seu cotidiano, que lhe diz respeito ordinariamente. É o prefeito o primeiro
a ser cobrado porque não há médico no posto de saúde nem raio X no
pronto-socorro. O buraco na rua? A feira em péssimas condições para feirantes e
passantes? Escola onde tudo falta? Prefeito. É tudo com o prefeito. Como vai se comportar o piqueteiro de hastag, que palpita e tem solução para tudo, seja para os problemas nacionais/internacionais, seja para as próprias campanhas eleitorais (com equívocos homéricos e muitos, muitos acertos ao criticar isso ou aquilo nas ditas cujas) principalmente fora de sua própria cidade, veremos logo.
Não sei como será a temporada de caça ao voto no Twitter, nem como será a reação do internauta , pois até agora, todo mundo dá mesmo palpite nas eleições das grandes cidades, mesmo
quem não mora nelas. A "experiência" de 2010 não me parece tão aplicável
em 2012, muito menos a "experiência Obama" uma vez que nem o próprio, em
campanha esse ano também, mantém a mesma estratégia de 2008. O sentimento, o pensamento, a política
e a campanha municipais são diferentes da presidencial, onde a internet aproxima naturalmente o eleitor-internauta do candidato. Já numa campanha tão sola de sapato como é a de prefeito... O bicho eleitor,
que já é imediatista, em eleição local é mais ainda - quer saber o que vai
ganhar com a eleição desse ou daquele. E logicamente que o eleitor de web, nem o de presidente e nem o de vereador, não é
o mesmo que enche urna.
Candidato algum tem a mínima noção, mas o "marqueteiro" de web talvez sim, ainda tenha alguma ideia (exceto os que, não raro, costumam atribuir-se uma importância como "ativista de redes sociais" que nem sempre condiz com fatos) da dimensão do Twitter nas eleições desse ano. Os mais conscientes logo, logo perceberão: ainda não se ganha votos pelas redes sociais, mas fundamentalmente, evita-se perdê-los. E isso é de grande importância.
Candidato algum tem a mínima noção, mas o "marqueteiro" de web talvez sim, ainda tenha alguma ideia (exceto os que, não raro, costumam atribuir-se uma importância como "ativista de redes sociais" que nem sempre condiz com fatos) da dimensão do Twitter nas eleições desse ano. Os mais conscientes logo, logo perceberão: ainda não se ganha votos pelas redes sociais, mas fundamentalmente, evita-se perdê-los. E isso é de grande importância.
Para o candidato, mesmo com boa equipe que reúna tanto a expertise da "nova mídia" como o conhecimento da política como ciência e conjuntura, malícia, agilidade e outras habilidades necessárias, não é tarefa fácil enfrentar o internauta. Eloquência em 140 caracteres é muito mais socrático do que o
próprio filósofo poderia prever. Aumentar as coisas pequenas e diminuir as
grandes em tão pouco espaço é prerrogativa dos muito bons. Começa então a temporada de quem é melhor na comunicação com o internauta, também.
E esse é assunto para um post próprio, em breve!
E esse é assunto para um post próprio, em breve!
Excelente seu texto,amiga Rê! Irretocável!
ResponderEliminarRi alto com este trecho:"esquecendo a proporcional, que é um pagodão do crioulo doido na laje, com som alto demais e fumaça do churrasco a embotar tudo" ! rsrsrs Mto boa sua descrição! rsrs Boa e verdadeiríssima!
E,como dizem todos atualmente,VQV,"vamos que vamos" fazer parte do pagodão, na esperança de que um dia as coisas melhorem! rsrs
Gde abç!
Maravilha, mas vê se não demora muito pra publicar o post seguinte, tá?
ResponderEliminarMaravilha, mas vê se não demora muito pra publicar o post seguinte, tá?
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