CAI A NOITE
A fina trama da vida
Cobre docemente teu rosto
E tens nesta cesta
Nossos meios nossas razões de viver
És tão sábia quanto és bela
A ti são ditas as palavras mais belas
Falaremos esta noite sobre nós e os pássaros
Não ouviremos a longa e surda história
Dos homens expulsos de suas casas
Pela morte com mandíbulas de ouro
Dos homens menos orgulhosos que os animais
Que perseguem a desgraça por toda a parte
Que não chegam portanto todos nus
Num asilo de claridade como o nosso
Cuidamos um do outro
Dia após dia guardamos nossa vida
Como um pássaro mostra sua forma
E seu prazer
Entre tantos pássaros que virão.
Paul Eluard
Ilustração: Coupe Lisant, de Renoir
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