INFLAÇÃO E OUTRAS COISAS MAIS: STATUS DO PT



Seguindo minha própria teoria tupiniquim para os ciclos da História, este texto de 2011 foi atualizado hoje para lembrarmos de algumas coisas que não mudam, e para quem não vive sob o jugo da publicidade oficial e oficiosa do governo, vê seus perigos. Um deles, que já é real e imediato, a inflação, firmou-se de vez. 

As causas desse retorno não são apenas advindas da má gestão da política monetária, incompetente e mais perdida no céu brasileiro do que padre baloeiro. As próprias raízes da incompetência dos que nos desgovernam originam-se em sua formação ideológica. 

Os mais jovens não têm a "memória" da inflação. Minha filha tem 18 anos e apesar de só agora estar tomando ciência do que seja inflação - vai ao supermercado comigo - por outro lado, ainda não sabe o que é viver em um país decente. Porque quando começou a entender, já não havia mais o que entender a respeito de decência. Quando ela começou a compreender o que é decência, o Brasil já estava sob o jugo do PT, disfarçado de Lula e continuado por Dilma.

Pergunte à ela o que é remarcação de preços e gatilho salarial, ela não sabe bem, ainda, mas já começa a desconfiar. Nasceu em 1994, poucos dias depois de Fernando Henrique Cardoso ser eleito presidente da República.  Se perguntar à ela o que significa dólares em cueca ela sabe. Pergunte à ela o que é favorecimento a sindicatos e aparelhamento da máquina administrativa. Também sabe. Pergunte o que é o  "caso Celso Daniel" e ela te responde sem pestanejar. Pergunte-lhe o que é mensalão. Sabe direitinho o que significa e quem foi apenado, condenado à prisão e ainda assim continua a (des)mandar por vias diretas e indiretas na República.

Se já leu este abaixo, releia. Como disse, incompetência é raiz profunda, não é apenas um fator passageiro. Saquei de Monteiro Lobato para revisitar a História e a conjuntura atual. Um status que não mais é eventual, e deixará marcas que duvido, um dia, o país poderá desfazê-las. Não entendo de economia, mas de História e Literatura conheço um pouco, e juntá-las é um exercício diário.


Em 1933, Monteiro Lobato, um dos grandes da literatura brasileira - e talvez por isso censurado pelo PT que desgoverna estepaiz - publicou Na Antevéspera - Reações Mentais de um Ingênuo“Neste livro está enfeixada uma série de reações ocorridas num período bem atormentado da vida brasileira. Todos sentíamos um terrível e indefinível mal ambiente. Um cheiro de fim. Era a República Velha, que agonizava na presidência de Bernardes.” sentenciou Lobato no prefácio. Oitenta anos se passaram. Talvez, nessas  oito décadas de história política, nunca houve um tempo em que suas palavras fossem tão atuais quanto hoje: impossível não reconhecer as mazelas daquele tempo como sendo as de agora.

Nada tinha de ingênuo, o escritor de Taubaté, mais conhecido por suas obras infantis do que por seus ensaios críticos. Ao discorrer sobre riqueza e pobreza de um povo e o consequente dever do estado, determinou que a interferência desse estado dominador, ao impedir que o povo enriqueça por seu mérito, empresta "funestos reflexos no caráter nacional", classificando a dependência da pobreza como "sífilis monetária que não deixa nenhuma célula do organismo sem infecção".

O estado totalitário impede que o indivíduo capaz produza para si, e goze da riqueza que produz. Deve-se produzir para o estado, para que este, como um pai bobão, distribua a riqueza entre os incapazes. Esse estado só sobrevive se houver uma grande massa de incapazes, a massa negativa que lhe é útil. Mas só a riqueza traz educação e saúde, e com elas, ordem, moralidade, boa política, justiça. É um ciclo. 

Um estado moderno, livre, é o que proporciona um regime de estabilidade, pois a riqueza não passa do lento acúmulo dos bens, frutos do trabalho. E acúmulo só há quando há estabilidade. Um país em convulsão não enriquece. Cabe ao estado criar condições para que o país não entre em convulsão, e enriqueça, o que só é possível através da produção dos indivíduos. "Os grandes homens de estado não são os que reformam: são os que tiram do caminho os embaraços com que a má-fé, o espírito de parasitismo e a estupidez embaraçam os movimentos do povo", ensina Lobato.

No Brasil transformado nestepaiz por obra e graça do desgoverno petista da Idade das Trevas, os "grandes homens de estado" fazem o oposto: embaraçam, a saber, por má-fé, com espírito de parasitismo e estupidez, os movimentos do povo [impostuinte] capaz de gerar riquezas duradouras. Nem faz-se necessário mencionar os episódios de corrupção e aparelhamento da máquina pública a favor de partidos, como exemplo de má-fé. Atendo-se ao que é palpável, pois é sentido no bolso, basta a inércia dos homens do estado petralha diante da volta da inflação, do aumento da dívida pública e da falta de rumo do câmbio. Já basta para tornar impossível qualquer estabilidade. Em breve, aos olhos do mundo, seremos um povo trapaceiro, já que nos permitimos ser governados por "estadistas" trapaceiros. 

Aqui, para consumo interno, esse estado trapaceiro formará gerações de incapazes de gerar a própria riqueza, até que os que ainda existem, morram ou caiam em ruína. O desgoverno segue fortalecendo-se e nós seguimos nessa leseira  resignada: sem representatividade, sem vozes com força política e interesses que vão além dos próprios umbigos, que possam sinalizar um planejamento, um compromisso com a não-extinção de um povo que, depois da estabilidade econômica conquistada nos períodos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, tinha tudo para partir para conquistas chamadas "sociais", como educação e saúde, por exemplo. E segurança pública. Com isso, ao invés de perpetuar a pobreza que interessa ao estado esquerdista, renovaríamos o ciclo de riquezas, sem o perigo do dragão da inflação que, suspeito, é alimentado pela dona presidente Dilma por puro instinto de preservação da espécie.

"As crises se sucedem, e o brasileiro olha para o céu, consulta cartomantes, faz promessas a Santo Antônio. E todos os dias corre ao jornal para ver o câmbio", registrou Monteiro Lobato, em 1933. Uai, mas parece que foi hoje pela manhã! Porque quem dispõe de massa cinzenta, vê hoje, assim como via o escritor em 1933, "um terrível e indefinível mal ambiente, um cheiro de fim".  Bem-vindo, Lobato, ao status petralha.

Comentários

  1. Excelente. A propósito, a inércia dos brasileiros que se deixam matar como ovelhas e fazem carinhas de horror qdo sugiro que deveríamos reagir a bala qdo atacados por bandidos:isso me assusta mais do que os bandidos. A incompetência vem de longe. A covardia também, mas tem piorado muito.

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  2. Jorge Lima16/03/13, 12:32

    Povo está entorpecido. Ou me mata de vergonha ou vicia o cidadão, já cantava Gonzagão. Pão e circo. Bolsa fome e BBB/futebol/novela. Como viciados mesmo, seguem inertes e lesos. Nunca nada explode, ninguem vai às ruas. Ninguém protesta. A ditadura ideal está a um passo.

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  3. Que ótimo perceber que não estou só!!! é uma luta cansativa

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  4. Caros Amigos;A ler essa postagem muito me regozijei ao ver que existem muitas pessoas em nosso país usam a massa cinzenta,e que esse engodo petralha,que loteou todos os sindicatos e continua cooptando a quase todos que opõem a esse "estado de coisas" e que entorpercidos pelo pela ganancia de enriquecimento ilícito vivem a nos dizer que está tudo bem.

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  5. Excelente texto. Sigamos juntos nessa luta anti PeTralhas.
    Parabéns!

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  6. Querida Regina

    Que bom trazer um pouco da história deste Brasil Real e não do tal *Brasil de Todos* inventado pelo marketeiro do Partido que, juntamente com seus asseclas, governa o País.

    Alcançar o Senso Crítico como cidadão é justamente ler e ouvir a propaganda milionária ($$ nossos impostos) e massificada, enxergar a verdade dos fatos (imagens reais diárias) e concluir que elas não passam de ilusão protagonizada por uma Quadrilha de Malfeitores com o intuito de se perpetuar no poder e encher a burra com dinheiro suado do trabalhador.

    O trabalho daqueles que estão lutando pela Decência é árduo mas possível de ser glorificante em Out/2014.

    Parabens pela clareza de seu Texto.

    Bjs

    Marisa Cruz

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