CAI A NOITE

É dentro que se ouve, ressoa para o mundo
O que do mundo de bom há no Homem
Dentro de um segundo se faz a constância
Com que vivo, quando viva a intacta substância
Da tua própria história;
E o que se vê até os confins
É apenas um momento em que tudo pousa
E escapa, insolente, para quem em teus olhos
Para, repousa, e recebe o teu abrigo.

No teu olhar de um plátano iluminado
A oferecer-me a paz do teu sorriso aberto
Minhas palavras são a minha música em sangue
Vivo, da carne cortada pelas pedras que atiram
E sequer nos alcançam!
Meu canto - ou apenas um soneto
Esperam o sono, inquieto, para alimentar-me
Da tua Retidão, entranhada nas paredes da terra
Porque sem ti não reconheceria o levantar
Do dia no horizonte, certeza de que tudo
Que nunca buscas, está a te encontrar.

Por tuas estradas aprendi o caminho
Da imperfeição e incoincidências do dia-a-dia
Onde tudo vale a pena, paga a graça de despertar
Onde tudo se transforma de um leve respirar
Num simples poema.
Por ti que vivo, renasço, e amo o ouro que desce
Do teu olhar, dos pelos do teu braço,
Na ternura que cabe em teu abraço

Tudo o que tens, presenteia-me com o que és
Abres as vertentes onde a água de tua Fonte
De verdades límpidas recaem sobre mim
E o teu paladar nas minhas veias - quentes
Antes de adormecer-me nesta noite sussurrada,
Faz-me cantar minha música, 

Simples verso ou somente um poema
Encantada, já de saudades dessorada!

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