DIÁLOGO COM O ERRO
O ser humano é capaz de errar infinita e indefinidamente. Como tudo o que há é formado por pessoas - sociedade, governos, empresas, sistemas, grupos - a História da humanidade é repleta de toda sorte de erros com todo tipo de consequências. Os homens têm uma notável tendência a cometer os mesmos erros, repetidas vezes. Tanto no aspecto da história dos povos quanto no individual, no entanto, essa tendência é apegar-se aos erros passados. Até que os erros, novos ou repetidos no presente, tornem-se por sua vez, passado também.
Alguns erros são insanáveis. Computo aí os erros de organismos como os do estado, os de governos. Vai-se errando, e é quando ocorre um tipo de contágio. A estrutura é contaminada e a capilaridade faz com que todos os sistemas, órgãos, as partes, tornem-se enfraquecidos. Do erro faz-se uma enfermidade, uma epidemia, até a necrose, o colapso. Qualquer semelhança com o que vemos, diária e noturnamente nestepaiz, não é mera coincidência: caminhos errados de uma nação desfiguram fatos, deformam suas estruturas, corroem seus valores, levando toda a sociedade a uma moléstia incurável. De tal forma que pode chegar o momento em que a própria nação opte por sua ruína conscientemente, pois já não se deseja mais o acerto. Longe de mim apontar um apocalipse, mas de certa forma essa circunstância não parece distante do ser a do Brasil.
Na questão individual, sabe-se (e diz-se com uma frequência assustadora) que errar é inerente à condição humana. Por isso deveria ser mais fácil falar ou conviver com os erros. Não para mim. Quanto mais reflito sobre, mais encontro situações, emoções, acontecimentos que podem ser creditados ou debitados na conta do "erro", e a fatura é enorme.
Erros são, de natureza intelectual e racional, enganos. De natureza moral e de comportamento, incorreições. Da natureza da ação, basicamente são motivados pela "ilusão", pelo instintivo. Alguns talvez gostem de chamar esses de "erros do coração", porque minimiza-os. Tudo e qualquer coisa pode levar ao erro. Medo ou ausência dele. Falta de controle ou excesso dele. Auto-conhecimento ou auto-ignorância. São infindas as possibilidades de errar.
Erros são, de natureza intelectual e racional, enganos. De natureza moral e de comportamento, incorreições. Da natureza da ação, basicamente são motivados pela "ilusão", pelo instintivo. Alguns talvez gostem de chamar esses de "erros do coração", porque minimiza-os. Tudo e qualquer coisa pode levar ao erro. Medo ou ausência dele. Falta de controle ou excesso dele. Auto-conhecimento ou auto-ignorância. São infindas as possibilidades de errar.
O erro tem um defeito grave, em si. Ele é limitador. Só existe enquanto persistimos nele. À medida em que as verdades - os acertos - se sobrepõem aos erros, esses ficam para trás. Parece óbvio. Mas não é tão simples. Porque o erro, que vive na superfície, é muito mais cômodo do que a verdade, que vive em terrenos e águas mais profundas. Por essa natureza superficial é que tanto para humanidade quanto para o indivíduo, a facilidade de errar é atrativa. Onde está o mal nisso tudo? Ora, tão somente quando, racionalmente, se tende ao erro, consciente antecipadamente de que a decisão, o comportamento ou a ação, sejam um erro. Os erros por si só tendem a desaparecer. No entanto, as suas consequências, não. E é aí que entra tanto o saber discernir, para optar antes, quanto a responsabilidade - pela opção - para o depois, o saber lidar com as consequências.
Interessante que sempre alguém tem um dedo que aponte o erro do outro, como também tem a receita para a sua correção. A grama do outro lado da cerca é sempre mais verde, ouvimos isso do pré-natal ao túmulo. E parece que o homem está sempre disposto a apresentar uma solução bem fácil para o problema que outro vive. A vida de terceiros, observada através da vitrine é impressionantemente mais simples que a própria. Isso, acredito, é um baita erro!
Fato é que um "diálogo" íntimo, impessoal e intransferível com o erro é um processo inquietante. Pode começar com qualquer coisa, com qualquer aspecto, qualquer destaque. Este meu diálogo teve sua motivação* iniciada com uma mensagem dessas do celular, que, por sua vez, tem origem numa situação à qual questiono se não é, desde o princípio, um erro (meu). Este processo de indagação jamais chega ao fim. Sempre terei, sobre o erro, várias interrogações. Erros são imprescindíveis para a evolução? Para o sistema de aprendizagem individual, de aprimoramento do intelecto e do espírito de cada um? Os acertos ensinam mais que os erros, sempre pensei assim. Ou será que apenas as falhas no processo da vida são capazes de nos forjar lições, com a força necessária para procurar e conquistar o que é correto? Encontrar-me-ei sempre frente a muito mais indagações que a respostas possíveis.
Tudo o que há na vida e ao seu redor pode ser um erro. Inclusive falar sobre isso agora (pensar não, pois pensar nunca é um erro). Não obstante, o maior erro, o único irremediável e, de minha parte, imperdoável, é desistir de questionar-me, e aos meus erros. É não correr o risco de me deparar com o espanto que é pensar sobre a possibilidade de, enfim, encontrar o acerto.
Give me reason, but don't give me choice
Because I'll just make the same mistake
*Republicação do texto de setembro de 2013, motivada pela mesma coisa que originou a sua redação: uma determinada mensagem de celular, à época, um SMS. A de hoje chegou via primo gourmetizado do SMS, o iMessage, e desde então me vejo fazendo a mesma reflexão: se tudo isso não é, desde o princípio, um baita erro meu.
Eu não sei que erro foi.Só sei que foi um erro bom, pois originou uma reflexão em forma de artigo ainda melhor.
ResponderEliminarBeijos.
Muito bom!
ResponderEliminarJá estou seguindo o blog. Gostei!
Aparece lá no meu, se achar interessante. Siga.
Abs!