LULA E O PANELAÇO: O PT METAFORICAMENTE MORTO

Este texto foi publicado originalmente em 27 de agosto de 2014. Trata da rejeição ao Lula. Sim, é isso mesmo, rejeição ao pop star do PT. Não editei nem uma vírgula do original, exceto o título. O original era "Dilma paga o preço da rejeição a Lula". Publicar novamente tem duas razões, ligadas umbilicalmente ao sucesso literalmente estrondoso do panelaço da noite de ontem, 05 de maio, durante o Programa do Lula, ops, do PT, na TV. A primeira é mostrar que, fora dos grupos de esquerda que fazem oposição ao governo Dilma (mas não ao Lula nem ao PT) a rejeição não é só contra Dilma. Nós, a opinião livre dos sem-partido, rejeitamos explicita e claramente tudo o que o PT representa, e Dilma é uma pequena parte cuja rejeição tem seus próprios méritos: a incompetência e a ingerência do seu governo. 

A outra razão é afirmar, sem medo de errar, que,  para a  "surpresa" demonstrada ontem a noite e hoje nos jornais, da rejeição popular manifestada em panelaço ter atingido o querido Lula, o colunismo de "especialistas políticos" na imprensa tupiniquim só tem duas justificativas: ou sempre soube e omitiu propositalmente do eleitor durante a campanha presidencial ano passado, e agora finge surpresa para esconder a covardia pregressa, ou são todos muito desinformados. E se o são, são incompetentes. Porque um dos meus mantras mais repetidos é, se eu que não sou ninguém e não vivo de ter boas informações para publicar verdades (não sou jornalista nem atuo como) eles, que ganham muito bem pra formar a opinião pública tem obrigação de saber mais do que eu. E de publicar, em nome da isenção que defendem (e eu sou contra).

Modéstia à parte que nunca tive alguma, quem me lê já sabia que o PT está metaforicamente morto há algum tempo.



Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente em atividade no Brasil é um sujeito movido pelo ódio. Não aquele ódio que liberta, o motor para se reagir ao que é ruim e mudar o estado de coisas. O ódio de Lula é rancoroso, despeitado e muito, muito soberbo. Na intimidade sempre exalou essa característica, usando e abusando de seus companheiros como quem chupa laranja e joga o bagaço fora. O mensalão caracteriza isso muito bem. José Genoino, que vamos combinar, sempre foi consigo próprio cioso de questões de honra e moral, tão logo se tornou presidente do PT se viu obrigado a atender todas as demandas de Lula e seu círculo íntimo. Assinou aqui e ali e não deu outra: criminoso condenado, puxou cadeia, está em prisão domiciliar e ganhou um "está fodido" de Lula quando foi noticiada a expedição do seu mandado de prisão. 

No Congresso, entre deputados e senadores, não são raros os que comentam seu modo tacanho de agir. Quando presidente da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia foi um dos poucos que conseguiram não perder o controle do cargo, não ser usado pelo líder maior do seu partido e sobreviveu bem. João Paulo Cunha não conseguiu, e também é hoje um ilustre presidiário. A bancada petista conhece seu guia.

Do chão pelego das fábricas até as luzes da ribalta presidencial, Lula percorreu um caminho que, em público, precisou de Duda Mendonça, o gênio, polir o jeito e domar o discurso criando o Lulinha Paz e Amor. O resultado foi a vitória eleitoral repetida até 2010 fazendo sua sucessora, Dilma Rousseff, ainda com o verniz comportamental sobre si. Essa era chegou ao fim há cerca de um ano. E é neste 2014 de eleição presidencial com a sua candidata muito mal avaliada que volta o velho Lula pré-Duda. É com o risco de ter a sua gestão exposta à toda sorte de transparências - Aécio Neves já garantiu, por exemplo, abrir a caixa preta dos empréstimos sigilosos do BNDES desde 2003 - e obviamente sabedor que a ruína da economia é a sua herança maldita além da corrupção, o Lulinha Ódio e Terror volta a atacar. Com todo o furor que consegue.

Lula surge nos programas de Dilma com olhos injetados, expressões retorcidas e voz de tumba. Bufando. Uma das razões é que ele queria, sim, ser candidato no lugar de Dilma. Demorou demais, a rejeição ao PT - não apenas ao governo Dilma - tomou corpo e Lula percebeu, esperta e malandramente, que é melhor perder Dilma que perder ele próprio. O rancor é com Dilma também, que não lhe foi, digamos, serviçal o suficiente para lhe dar a cadeira de candidato lá no ano passado, desistindo de concorrer quando a coisa começou a ficar ruim junto ao eleitor. Lula está na TV Dilma com ódio do eleitor que não quer mais o modelo que ele representa, de populismo, incompetência e corrupção. Lula destila rancor sobre a imprensa, a minoria da imprensa no Brasil que não se ajoelha aos mandos do Palácio do Planalto ou do Diretório Nacional do PT, e acaba publicando aqui e acolá verdades sobre tudo que cerca a era petista no governo. Lula está com raiva de ter escondido seu ódio para engambelar a população por mais de 10 anos. 

Todos os programas eleitorais são avaliados por pesquisas, ao vivo. Há duas técnicas mais utilizadas pelas campanhas para isso. Focus group, que é a observação das reações de um grupo representativo de eleitores que discutem sob moderação de um profissional, enquanto assistem os programas. Há também as pesquisas feitas por telefone, o já bem conhecido tracking. Os entrevistados que assistiram os programas respondem a um rápido questionário, avaliando-os. Pois bem, o dado que surge dessas medições é uma absoluta rejeição do eleitor à presença raivosa de Lula no programa da sua pupila-poste. Quando Lula aparece discursando venenos, exsudando ira e rancor, despenca a aprovação do pesquisado em relação ao programa  de TV de Dilma. 

Lá nas hostes vermelhas, não sabem o que fazer. Porque Lula não abre mão de continuar gravando, não abre mão de falar o que quer e como quer. Ninguém tem coragem de tirá-lo do estúdio e ele, finalmente, atrapalha muito mais do que ajuda Dilma. 

Não foi a toa que Dilma não citou Lula no debate da Band desta terça-feira, dia 26. Não foi apenas para dissociar de si mesma a imagem de poste dele, mas também para dissociar do ódio dele, ela que já não prima pela simpatia em situação alguma. Cumpre ressaltar que a única vez que Lula foi lembrado e com a devida genuflexão apaixonadamente elogiosa foi pela boca da "nova política" Marina Silva, que o tem como a divindade que não apenas a inspira, mas que ela se espelha. É a sua imagem e semelhança, feita do mesmo barro que o petista.

Esse ódio introjetado nos seus olhos, tão grande que transfere um profundo mal estar aos voluntários nos grupos de pesquisa, é espontâneo, natural, é o Lula em essência. Não se pode dizer que Lula faz tudo isso de propósito para tirar a "vaga" de Dilma e atender ao #VoltaLula, alimentado por seu séquito mais submisso, concorrendo novamente à presidência. Este é o cenário que eu defendo há tempos, gostaria muito que Lula viesse para o debate. Seria ótimo para o amadurecimento da democracia e pedagógico para o eleitor, vê-lo confrontado com a sua própria herança maldita, deixando as barras do escudo de Dilma Rousseff, que precisa responder por Pasadena, pelo mensalão e pela desastrosa economia de Guido Mantega em seu lugar. Não se trata mais de rejeição à Dilma. O PT está tão mal visto que nem mais como partido ligado à corrupção é lembrado. Hoje, petistas são associados a bandidos. Ninguém escapa. Lula está metaforicamente morto*.

Não sei, ninguém sabe ainda quem governará o Brasil a partir de 01 de janeiro de 2015. Mas eu sei quem não governará. Não será o PT que continuará na Presidência. O PT está metaforicamente morto. 

*#MetaforicamenteMorto é uma expressão cunhada por Nariz Gelado no Twitter, na madrugada desta quarta, 27, quando contei-lhe este fato que narrei acima.

Comentários

  1. Zinha Bergamin28/08/14, 21:22

    Amiga Rê, adorei seu texto fantástico! Que retrato vc nos fez dos dias atuais onde Lulla,PT e agregados passeiam entre nós como zumbis mesmo!

    A gente percebia isso,mas não conseguia desenvolver o assunto num texto tão bem como vc!

    Vc esclareceu a muitos de nós as "sombras" que se apresentam no atual momento!

    Em tempo: vou tomar a liberdade de copiar esse texto e apresentá-lo para várias pessoas que "jogam no mesmo time" nosso! rsrs

    Espero que vc não se importe, e é claro que colocarei fielmente os créditos e o nome de seu belo blog!
    Gde abç!
    Zinha

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  2. Alguém pode discordar? Ou o ódio recairá também sobre quem não concordar?

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  3. RE, análise perfeita do início ao fim. E ainda falam em carisma, dom que jamais vi em ser tão rancoroso e ignorante.
    Pérfido, condena os próprios aliados, já que amigos, não tem, falta-lhe humildade para angariar algum.
    Homem pavoroso, merece esse fim deprimente.
    Parabéns!

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