BRASIL E CHINA: BOM NEGÓCIO OU ARMADILHA?


A urbanização da China, o êxodo em massa da população rural para as cidades, é uma das causas - e consequências - da aceleração constante da economia chinesa: um crescimento médio anual de impressionantes 10% nos últimos 25 anos. Esse crescimento da China se deve a alguns fatores. O primeiro é a alta taxa de poupança e investimento. Como exemplo, em 2013 a taxa de investimento da China foi de 48% do PIB - a do Brasil foi de 18%. Outro fator é a busca da produtividade através da educação, ciência e tecnologia. E é nessa busca de produtividade - com tecnologia - que está a grande questão da parceria Brasil-China, que, até o momento, vem beneficiando a nossa economia.

Em 2014 o PIB da Dilma fechou em vexaminosos 0,1%. Em 2013 foi de pouco mais de 2%. Pois bem, o que não é muito falado pelo governo é independente do índice acima de zero, a verdade é que o Brasil por si não cresce. Os índices do PIB vem por inércia do consumo chinês, que importou 47 bilhões do Brasil em 2013, o que dá o 1% do PIB. Não fosse China, o PIB/Dilma de 2013 já seria só de 1%. Nossa economia, herança maldita de Mantega e Lula, é praticamente 100% dependente do consumo chinês, que importa nossas commodities, principalmente minério de ferro e as agrícolas. Voltamos aqui à questão produção e tecnologia.

Essa grande urbanização da China com a industrialização e superpopulação em metrópoles tornou o país dependente da importação de alimentos. Mas o capitalismo da China comunista de bobo não tem nada. Através da parceria com investidores europeus, chineses compram grandes áreas na África. Grandes fazendas que, pretendem, passem a produzir a própria comida, o suficiente para que cada vez mais importem menos. Agora veja o dilema: o Brasil é parceiro da China também na transferência de tecnologia de produção de alimentos. Veja um exemplo prático que envolve de uma vez só as commodities - as duas - que a China importa do Brasil:

A Vale do Rio Doce (com Bradesco, BNDES, Tata, etc) tem um projeto de mineração de carvão no coração da Africa. Para viabilizar a logística de escoamento do carvão, a empresa (leia-se o BNDES) está investindo numa ferrovia que liga a mina ao porto de Nacala, em Moçambique. Recentemente a Vale vendeu o controle acionário da ferrovia à Mitsui, do Japão. A agência de cooperação internacional do Japão (JICA) tem projetos na região. O porto de Nacala fica na boca da China, Oriente Médio e Japão, sendo os três boa parte do nosso mercado também de commodities agrícolas. A ferrovia atravessa a região conhecida como Corredor de Nacala, zona de savana, que é semelhante às nossas áreas de produção agrícola no Centro-Oeste, o cerrado.

Enquanto isso, no bojo daquele negócio de cooperação sul-sul do Marco Aurélio Garcia e Cia. Ltda, a Embrapa foi posta em Moçambique para adaptar a nossa tecnologia de agricultura tropical ao cerrado africano. Nós estamos financiando por um lado a logística, e por outro, a pesquisa agropecuária que vai criar um concorrente para a nossa própria produção agrícola no futuro. A China. Que detém, relembrando, grandes fazendas na África, com investidores europeus - outro grande mercado consumidor atraente para o Brasil. A China é um concorrente inclusive geograficamente muito melhor posicionado para atender os mercados do Oriente do que nós. A África, melhor posicionada geograficamente para atender a Europa.

A projeção do próprio Banco Central do governo Dilma para o crescimento da economia brasileira para este ano de 2015 é de - 1%. Negativo, isso mesmo. Mas a parceria do governo com a China ainda envolve ela, a Petrobras. Dilma privatizou o Campo de Libra em 2013 e quem comprou? Eles, os chineses. Em tempos de Petrolão, o negócio da China é uma armadilha?

Comentários

  1. Mercia Neves26/05/15, 22:49

    É negócio de comunista.Tudo deles,nada nosso.

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