BLUES, UMA HISTÓRIA DIFERENTE - PARTE IV

Pronto, falei do Hendrix. 

Sim, para muitos o Hendrix foi o mais pragmático guitarrista de blues do “revival”, disso não duvido. Técnica invejável e enigmático, levou o blues para uma outra dimensão. Cultuado como um semi-Deus nos EUA e na Europa, deixou as drogas lhe levar.  Um repórter um dia perguntou ao Hendrix como se sentia ao saber que era o maior guitarrista de blues do planeta. Hendrix respondeu: 

- Sei lá cara, pergunte para o Rory Gallagher! 

Putzz! Agora sou obrigado a entrar no mérito. O Rory Gallagher foi um blueseiro Irlandês, talvez dos mais viscerais jamais visto. Carismático e cativante, Gallagher floresceu entre 70 e 90, ora com o Power Trio, ora com o trio e mais o Lou Martin nos teclados. Era uma verdadeira fabrica de blues, viajava pela Europa sem parar e logo fez a fama e um pouco de fortuna.  Invejavam no Gallagher o falto de tocar a mesma Fender Stratocaster por mais de 25 anos, sem pedaleira (aparelho que cria distorções e timbres diferentes). 

Com a saida do Mick Taylor dos Rolling Stones, o primeiro a ser convidado foi  Gallagher, mas ele declinou porque avião não era a praia dele. Mesmo assim ele fez duas tournées pelos EUA. No mais era um ônibus cruzando Inglaterra e Europa de ponta a ponta. Faleceu em 94, vitima de complicações secundárias de um transplante de fígado. O vicio em analgésicos e whisky Irlandês encurtou a vida desse fantástico musico de blues.


Albert King e Elmore James influenciaram um grupo de jovens no fim da década de 60 que é o Allman Brothers. O repertório do Allman era centrado nos blues do James e do Albert King. O falecido Duane Allman era pupilo fiel ao estilo dos dois bluesmen. Mais tarde entra na banda outro “clone” fiel, o Warren Haynes. Os Allman Brothers, o Goverment Mule do Haynes e o Lynard Skynard com o Gary Rossington eram todos expressões do jovem branco levando blues para platéias imensas. Formam a base do Southern Rock. Tá bom, o Lynard num grau bem menor, mas tem sim, blues ótimos.



Dos atualíssimos temos os meninos Joe Bonamassa e John Mayer como os mais conhecidos.
Sem divida o BB King é o maior nome do Blues, através dele o Blues sai dos prostíbulos e dos guettos para ganhar respeito em platéias no mundo todo. Não é por acaso que o Mr King é nomeado o Embaixador Permanente do Blues!


Mas é justamente o Blues do “puteiro” que torna o estilo tão cativante, é “sujo”, “na lata” e visceral. Pelo fato de ter tantos músicos no gênero fica fácil entender que em praticamente cada esquina nos EUA tem alguém tocando Blues. Basta descer o Bourbon Street numa quinta-feira de noite!

O estigma do musico de Blues mudou tremendamente nesses 100 anos, onde nas décadas de 20-30 e 40 era primordialmente músicos negros, pobres, muitos eram cegos e dizem as más línguas que a maioria também eram homosexuais. 

A cegueira ficou por conta do Moonshine, destilado caseiro à base de metanol e sífilis congênito. Muitos dos que gravaram Blues fantásticos morreram na penúria. As drogas e o álcool também fizeram diversas vítimas no Blues, basta lembrar o Steve Ray Vaughn, do Texas. Se ele não morre naquele acidente de helicóptero ele morreria de overdose na semana seguinte! 

Little Jimmy King morreu em acidente de carro no mesmo ano em que o Albert King faleceu. Nem falo dos muitos anos que o Clapton passou em rehab. Dizem que um dos segredos do sucesso de Clapton foi de colocar corda de banjo na posição da corda C da guitarra dele. Clapton foi para os EUA no inicio da década de 70 e formou banda com o Duane Allman (Derek And The Dominos) Gravaram o antológico “Layla”. Após a morte do Duane (acidente de moto), Clapton grava o Ocean Boulevard. “I Shot The Sheriff”, para depois voltar para a rehab.

Tenham certeza amigos, o Blues hoje é patrimônio da humanidade. Expressão cultural dos negros norte americanos. Graças a Deus.




Vejam série BLUES, UMA HISTÓRIA DIFERENTE aqui: PARTE I   PARTE II  e PARTE III 

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