CAI A NOITE


Quando eu abri minhas janelas
Despi meus braços das armaduras
Deixei de sonhar - não há mais sonhos
Reconheci-me incapaz de seguir
Sem tudo o que prometias à minha prova
Decidi - vem, entra, pode chegar.

Contigo trouxestes a brisa do tempo do gênio
O perfume de raízes retorcidas de teu pescoço
O som do vento de tua voz
O brilho da névoa dourada dos teus olhos
O encontro neste nosso não-paraíso
A dureza de tuas determinações até a sofreguidão dos teus lábios
Contigo vieram as palavras que calam o teu silêncio introspecto
E gritam sentidos no caminho de teus dedos até meu coração.
Quando eu abri minhas janelas
Senti dentro de mim o tempo
Criar silêncio e eco
Para que só tu pudesses ocupar
O vazio que nunca havia encontrado
Que habitava-me impertinente em tua ausência
Até que entrasses para sempre.
Viestes. Então amei a noite que me faz companhia
A chuva vista da rede que balança
A madrugada em que amanheces em mim
As sombras das dúvidas que permanecem
A combustão secreta quando aos meus tu misturas
Teus fluidos, os sons e aromas suspensos no ar.
Desmaiada em teu ombro espero
Pelo amor de ontem como o de hoje
Dito e redito por tuas letras intensas
Verdade que só nós dois podemos exprimir.
Tu tens e guardas a chave das janelas
Não há mais reservas para teu alimento
Que fecundas em mim, com teu beijo em mim,
Todinha.

Comentários

  1. Lindíssimos versos.

    Um anjo tirando as asas para deixar-se voar nos beijos do seu amor.

    Adorei!

    Ótima sexta-feira para você!

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  2. Lindo de viver!!!! Parabéns, querida!

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